Parlamentares petistas rompem acordos e se digladiam pelos cargos em comissões e na Mesa
Karla Correia
A intenção declarada da senadora Marta Suplicy (PT-SP) de descumprir o acordo de deixar a Vice-Presidência do Senado para José Pimentel (PT-CE) no mês que vem parece ter contaminado outros parlamentares do partido na Casa. Os titulares petistas na comissões de Direitos Humanos, Paulo Paim (RS), e de Assuntos Econômicos, Delcídio Amaral (MS), ameaçam repetir o gesto da senadora paulista e ignorar o rodízio acertado com colegas de legenda em fevereiro do ano passado.
Atual presidente da Comissão de Direitos Humanos, Paim deveria ceder o cargo para a senadora Ana Rita (PT-ES), segundo a combinação firmada em 2011 para reduzir disputas entre os senadores da legenda. Com a decisão de Marta, o petista se sentiu livre para romper o acerto. "Não dá para todo ano ficar fazendo acordo e mudando os quadros, já que o mandato previsto para os cargos é de dois anos", diz Paim, que só pretende entregar a presidência da comissão em 2013. O senador Delcídio Amaral é outro a roer a corda no acerto de revezamento. Ele pretende se manter por mais um ano no comando da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa. No acordo anterior, Delcídio daria lugar a Eduardo Suplicy (SP) na presidência da CAE em 2012.
De olho no clima de motim entre os petistas, a oposição decidiu inflar a crise provocada pelo rompimento de acordo e anunciou contestar na Justiça o rodízio. O argumento de que os oposicionistas poderiam contestar os mandatos de quem deixasse os postos antes da hora foi apresentado por Marta para permanecer na Vice-Presidência do Senado — e seguido pelos demais "amotinados". O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) ameaçou recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a manobra petista, que visava fazer com que os 13 integrantes da bancada da legenda no Senado ocupassem um dos cargos do partido em algum momento durante os oito anos de mandato.
Planos políticos
Diante da possibilidade, Marta, que tinha aceitado o rodízio confiada em sair candidata à prefeitura de São Paulo, recuou. Durante o recesso, a senadora ligou para cada um dos membros da bancada para comunicar que permaneceria na Vice-Presidência até 2013 e apresentar seus motivos. Convenceu apenas Paim e Delcídio, justamente os beneficiados pela decisão. Irritou os demais.
"Esse argumento que ela está usando não existe", critica o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). "Ela fica usando o regimento para justificar uma atitude que se baseia puramente no interesse político dela", diz o líder. O posicionamento do Senado corrobora a avaliação de Humberto Costa. De acordo com a assessoria de imprensa da Casa, o regimento apenas define a duração do mandato dos cargos, que é de dois anos. "A renúncia do ocupante de um cargo é uma decisão que pertence à seara política partidária", afirma a assessoria.
É em meio a esse clima que a bancada escolherá seu novo líder, em reunião marcada para 1º de fevereiro. Disputam o cargo os senadores Wellington Dias (PI) e Walter Pinheiro (BA). "Além de tensionada, a bancada está bastante dividida", diz um senador petista.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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