sábado, 7 de abril de 2012

Rio + 20: Dilma poderá não atrair Obama

A presidente Dilma vai reforçar, em encontro segunda-feira na Casa Branca, o convite para que Barack Obama compareça à Rio+20, em junho. Mas, nos bastidores da diplomacia e segundo analistas, será surpresa se Obama, em busca da reeleição, anunciar presença na cúpula

Dilma reforçará convite, mas Obama poderá não participar da Rio+20

Conferência da ONU na cidade estará na pauta de visita brasileira aos EUA

Flávia Barbosa

WASHINGTON. A presidente Dilma Rousseff vai reforçar, na visita oficial da próxima segunda-feira na Casa Branca, o convite para que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, compareça à Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho. No entanto, nos bastidores da diplomacia e segundo analistas, será uma surpresa se Obama anunciar sua ida à cúpula, pois a agenda ambiental e de mudanças de paradigmas de desenvolvimento é um tema delicado na política americana, em um ano em que o presidente democrata busca sua reeleição em uma corrida apertada.

A presença de Obama na Rio+20 é vista como estratégica para o sucesso da cúpula, devido à necessidade de dar peso às negociações, que se arrastam, sobretudo, devido à resistência dos países ricos em se comprometer com o estabelecimento de metas e de mecanismos de financiamento para que elas sejam implementadas e monitoradas. Por isso, ainda que ele não se engaje em toda a dicussão entre os chefes de Estado e governo (que vai durar dois dias), o governo brasileiro espera que Obama ofereça um gesto simbólico e compareça pelo menos a alguma parte do encontro.

- É muito importante para a presidente Dilma a participação de Obama na Rio+20. Nem que ele vá por algumas horas - disse ao GLOBO um integrante do governo brasileiro.

Porém, analistas apontam e diplomatas reconhecem que o engajamento de Obama esbarra nas eleições de novembro. O presidente já enfrenta críticas do Partido Republicano por sua ênfase na necessidade de se desenvolverem fontes alternativas de energia, em meio à escalada dos preços da gasolina nas bombas, tema que se tornou central na agenda do eleitorado em 2012. A oposição pressiona pela expansão da exploração de petróleo e gás natural em solo doméstico para reduzir a dependência do Oriente Médio.

- Será um ano muito difícil para os Estados Unidos por causa das eleições e da polarização política, especialmente em assuntos como clima - avaliou Shannon O"Neil, do programa de estudos latino-americanos do think tank americano Council on Foreign Relations (CFR).

Americanos prometem delegação de alto nível

A Casa Branca tem sido muito cautelosa ao abordar o tema. Recentemente, o assessor especial de Obama para o Hemisfério Ocidental, Dan Restrepo, afirmou ao GLOBO que "ainda é cedo" para decidir, mas que uma delegação americana de alto nível é uma certeza na Rio+20. Diretora de Estudos Latino-americanos do CFR, Julia Sweig, acrescenta que a falta de iniciativas significativas a mostrar à comunidade internacional dificulta o engajamento americano:

- Sobre modelos de desenvolvimento sustentável o presidente Obama não tem muito a mostrar. Quem tem o que mostrar é o Brasil, que nos últimos 20 anos apresenta conquistas significativas, no desenvolvimento de uma forte classe média, reduzindo pobreza e desenvolvendo uma matriz energética verde ao mesmo tempo. A Rio+20 é muito mais um espaço para o Brasil do que para os EUA.

As novas fontes de energia, porém, serão parte da reunião de Dilma e Obama na Casa Branca. Serão avaliados os passos para a criação de terceiros mercados (como o africano) para biocombustíveis, as trocas de informações sobre o desenvolvimento de veículos mais eficientes (carros elétricos e flex) e as pesquisas conjuntas em etanol e combustível verde para aviação.

Novas fontes de energia também estarão na pauta de empresários. Representantes de grandes companhias brasileiras estarão reunidos com empresários americanos para buscar formas de aumentar os negócios. Entre os eventos promovidos está o painel "Brasil-EUA: parceria para o século 21", para discutir formas de cooperação em energia, inovação, tecnologia e educação, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

FONTE: O GLOBO

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