domingo, 17 de junho de 2012

Cidades farão acordo para reduzir emissões

Enquanto diplomatas de mais de 190 países ainda negociam, no Riocentro, as bases de um acordo que atenda aos interesses das nações e ao futuro do planeta, os prefeitos de 58 metrópoles — responsáveis por 12% das emissões de gases-estufa em todo o mundo — assumem a dianteira e dão a sua contribuição para evitar que a Rio+20 fique no meio do caminho.

O prefeito de Nova York e presidente do C-40 (Climate Leadership Group), Michael Bloomberg, anuncia terça-feira, em evento paralelo à Rio+20, no Forte de Copacabana, metas globais e individuais de redução das emissões até 2030.

As 58 cidades vinculadas ao C-40 respondem por 21% do PIB mundial e concentram mais de 320 milhões de pessoas.

A lista inclui megalópoles como Shangai (18,4 milhões), Pequim (16,4 milhões) e Moscou (10,3 milhões). Entre os europeus filiados, estão Londres, Paris, Roma, Barcelona e Istambul. No caso dos EUA, aparecem Chicago, Houston, Los Angeles e Filadélfia. O Brasil está representado por Rio, São Paulo e Curitiba.

— O documento que será apresentado pelo prefeito Bloomberg detalhará medidas que as cidades já vêm adotando ou que planejam implantar nos próximos anos para que os indicadores sejam alcançados.

Representantes de todas as cidades vão se dedicar no fim de semana a rever os indicadores antes da divulgação das metas — disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Cidades já listaram 4.734 iniciativas para atingir meta Até o momento, as cidades já reuniram 4.734 iniciativas.

As soluções variam de acordo com a realidade local: incluem desde projetos para reduzir a emissão de gases poluentes pelo transporte público até a modernização das legislações para evitar desperdícios de materiais na construção civil.

O C-40 foi fundado em outubro de 2005, pelo então prefeito de Londres, Ken Livingstone.

No início, contava com representantes de 19 cidades interessadas em reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Desde 2006, a entidade é parceira da Clinton Climate Initiative (CCI), ONG criada pelo expresidente americano Bill Clinton para ajudar a formular projetos inovadores nos setores público e privado e também na sociedade civil.

No Brasil, o C-40 se reuniu pela primeira vez em 2011, em São Paulo. Na ocasião, foram acertadas parcerias com o Banco Mundial e o International Council for Local Environmental Initiatives (Iclei), a fim de uniformizar os critérios para calcular as emissões de gases.

Até sexta-feira, 36 prefeitos dessas 58 cidades já haviam confirmado presença na C-40.

Alguns participarão das três mesas-redondas durante o dia.

Os debates tratarão de temas como planejamento estratégico e formas de remediar as consequências das mudanças climáticas nas cidades, além de economia verde e desenvolvimento urbano sustentável.

No caso do Rio, as metas serão anunciadas não só na C-40, mas em outros eventos paralelos à Rio+20. A Federação das Empresas de Transporte do Rio (Fetranspor) apresenta, num seminário da União Internacional de Transporte Público, no Centro, um estudo sobre os impactos do recéminaugurado BRT Transoeste (corredor expresso de ônibus) quando estiver em pleno funcionamento, em agosto. A estimativa é pela redução de 55,5% de gases-estufa (cerca de 120 toneladas por ano) no serviço que atenderá 120 mil passageiros por dia.

— Os ônibus articulados do BRT têm motores mais modernos em relação à frota tradicional.

A redução da emissão de gases chega a 80%. Os veículos custam 15% mais do que os outros.

Mas, como gastam menos combustível, a estimativa é que o retorno do investimento ocorra em 18 meses — disse o gerente de Planejamento e Operações da Fetranspor, Guilherme Wilson, autor do estudo.

Outro fator que contribuirá para a redução das emissões é o corte de 41,43% na frota empregada (de 251 para 147 ônibus, entre articulados e convencionais que farão a ligação entre os bairros e as estações de BRT) e de 45,3% na distância percorrida pelas linhas (de quase 2 milhões de quilômetros para pouco mais de 1 milhão de quilômetros/mês).

Parque de Madureira, um dos legados da Rio+20 No dia 23, o prefeito Eduardo Paes e o secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, inauguram o Parque de Madureira, construído com técnicas sustentáveis numa região com poucas áreas verdes.

Na cerimônia, Paes vai anunciar um plano para ampliar o parque até a Avenida Brasil.

— O parque simbolizará um legado da Rio+20 para a cidade.

Com a ampliação, a Zona Norte terá um espaço público das dimensões do Jardim Botânico — disse Eduardo Paes.

Na lista de curiosidades do Parque de Madureira está a simulação em computador do crescimento das raízes das 1.100 árvores plantadas. O objetivo é projetar os canteiros com área suficiente para evitar que sejam destruídos no futuro. Pelo mesmo motivo, parte da irrigação é subterrânea, para que as raízes das árvores não avancem engarrafamento na Presidente Vargas, no Centro: trânsito é vilão em busca de umidade.

FONTE: O GLOBO

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