domingo, 17 de junho de 2012

Dirceu negará vínculos com Delúbio e Valério

Ex-ministro é acusado de ser operador político do mensalão

Gustavo Uribe, Sérgio Roxo

SÃO PAULO. Às vésperas do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), marcado para agosto, a defesa do ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu tem estratégia definida: tentar desvincular seu nome dos demais envolvidos no escândalo que porá 38 pessoas no banco dos réus. Apontado pelo Ministério Público como chefe do "organograma delituoso", José Dirceu agora tenta afastar de sua sombra figuras como o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério.

O advogado de Dirceu, José Luiz de Oliveira Lima, em entrevista ao GLOBO, disse que o ex-ministro petista nunca teve proximidade com Valério, tampouco teria indicado Delúbio para a tesouraria. Ele rebate a acusação do Ministério Público de que Dirceu comandava o partido de dentro do governo federal.

- O mensalão não existe. Eu falo que José Dirceu deixou de participar da direção do PT com base em depoimentos. É humanamente impossível um homem público exercer um cargo de ministro-chefe e ainda interferir nos atos de dirigentes do PT - alega o advogado.

A denúncia do mensalão, apresentada em 2006 pelo então procurador-geral Antonio Fernando de Souza, cita o ex-ministro petista 72 vezes, boa parte delas como operador do núcleo central do esquema para compra de apoio político no Congresso. O documento ressalta que Dirceu se associou de forma "estável" e "permanente" com o publicitário, que teria sido favorecido pelo governo petista. Dirceu era o segundo nome do governo, abaixo do então presidente Lula. No governo, continuou influente no partido, controlado por seu grupo político.

O criminalista alega, contudo, que "não há nenhuma relação" entre Dirceu e Valério:

- Não há nenhuma relação de Dirceu com Marcos Valério. O ex-ministro sofreu devassa em sua vida em 2005, com quebra de sigilos, e qual a relação existente com Marcos Valério? Zero.

O advogado afirma que os depoimentos de testemunhas mostram que Dirceu não tinha "ciência dos repasses da secretaria de finanças" do PT, comandada na época por Delúbio. A denúncia do procurador-geral destaca que, segundo Valério, Dirceu estava ciente "dos esquemas de repasse de dinheiro estabelecidos com Delúbio Soares".

O advogado diz que Dirceu está ansioso em relação ao julgamento e crê em absolvição. Avalia como "indiferente" para o julgamento do mensalão a repercussão da reunião entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes. Para ele, o STF está vacinado contra pressões políticas.

José Luiz Lima nega que os advogados dos réus tenham discutido uma estratégia comum de defesa, mas reconhece que a maioria deles possui relação social. Relatou que, em maio, os advogados se reuniram, no escritório do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, para discutir o envio de documento que garantisse a ampla atuação da defesa.

FONTE: O GLOBO

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