segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

PF afirma que Rose era o ‘braço político da quadrilha’

No relatório da Operação Porto Seguro, a PF sustenta que Rosemary Noronha era "o braço político da quadrilha" que se instalou em órgãos públicos para compra de pareceres. Celso Vilardi, advogado de Rose, afirma que “solicitar reunião não é crime"

PF afirma que Rose era o "braço político da quadrilha"

No relatório da Operação Por­to Seguro que entregou à Justi­ça Federal na última sexta-fei­ra, a Polícia Federal sustenta que Rosemary Noronha, ex-chefe de gabinete da Presidên­cia da República em São Paulo, era "o braço político da quadri­lha" que se instalou em órgãos públicos para compra de pare­ceres técnicos fraudulentos.

Segundo a PF, Rose "fazia aqui­lo que Paulo Vieira pedia". Viei­ra, ex-diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas (ANA), foi nomeado para o car­go por recomendação e ingerên­cia de Rose que, em troca de e-mails interceptada pela PF, di­zia a seus interlocutores frequen­temente que se reportava ao en­tão presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem rotulava de PR.

A PF sustenta que Vieira era o líder da organização que teria se infiltrado nas repartições fede­rais, inclusive três agências re­guladoras, para atender interes-

! ses empresariais, como do ex-senador Gilberto Miranda, que também foi indiciado no inqué­rito da Porto Seguro.

Um irmão de Paulo, Rubens Vieira, chegou a cargo estratégi­co - diretor de Infraestrutura Ae­roportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) - pelas mãos de Rose, conclui a PF.

"(Rosemary) marcava reu­niões, colocava pessoas de in­teresse de Paulo em contato com autoridades", assinala o relatório da PF.

Rose foi indiciada pela PF em quatro crimes: corrupção passi­va, falsidade ideológica, tráfico de influência e formação de qua­drilha. Nomeada para o cargo em 2009 pelo então presidente Lula, ela foi demitida no último dia 24 pela presidente Dilma Rousseff, quando estourou a Operação Porto Seguro. Segundo a PF, Rose mantinha "relação estável" com a organiza­ção, não agia apenas pontual­mente. O relatório da PF diz que Rose "não usava propriamente o gabinete (da Presidência da Repú­blica), mas se valia certamente do cargo e da influência".

No despacho de indiciamento de Rose - que não prestou depoi­mento, ficou em silêncio a PF assinala vantagens que ela rece­beu no exercício da função, co­mo passagens para cruzeiros ma­rítimos, obtenção de nomea­ções de familiares - inclusive a filha, Mirelle - em cargos públi­cos sem concurso." O documento da PF reitera observações já feitas anterior­mente, quando do indiciamen­to criminal de Rose.

Segundo a PF, a ex-chefe de gabinete da Presidência foi en­quadrada por tráfico de influên­cia e corrupção "em razão da identificação de constante tro­cas de favores com relevante va­lor financeiro entre ela a o gru­po de Paulo Vieira, cobranças de serviços de reforma presta­dos, cobrança de pagamento de "30 livros" por trabalho realiza­do, promessa de influência para indicação para cargos, produ­ção de documentos ideologica­mente falsos".

A PF diz ainda que Rose agia "como particular, e valendo-se de sua amizade e acesso com pes­soas em diversos órgãos públi­cos, para atuar e influir em no­meações e indicações."

"(Rosemary Noronha) marcava reuniões, colocava pessoas de interesse de Paulo em contato com autoridades."

Fonte: O Estado de S. Paulo

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