Barômetro Político Estadão-Ipsos que mostra melhoria da imagem do apresentador repercute entre presidenciáveis e cientistas políticos
Thiago Faria, Adriana Ferraz, Gilberto Amendola, Elizabeth Lopes e Thiago Navarro / O Estado de S. Paulo.
A publicação ontem dos números do Barômetro Político Estadão-Ipsos marca o início da parceria entre o Estadão e a terceira maior empresa de pesquisas do mundo. O levantamento, que mede a popularidade das principais figuras públicas do País, ouve 1,2 mil pessoas em 72 cidades todos os meses.
A divulgação ontem do Barômetro Político Estadão-Ipsos que aponta alta na aprovação pessoal do apresentador de TV Luciano Huck provocou imediata reação no meio político e entre pré-candidatos à Presidência. Analistas e cientistas políticos avaliam, entretanto, que a alta aprovação da imagem não necessariamente significa conversão em intenção de votos e que, caso tenha a intenção de que isso aconteça, o apresentador teria de se movimentar mais explicitamente no cenário eleitoral.
No meio político, a reação mais explícita foi na forma de provocação feita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta viabilizar sua candidatura pelo PT enquanto aguarda julgamentos da Operação Lava Jato. Em entrevista a uma rádio, Lula disse que tudo o que mais deseja na vida é “disputar (a eleição) com alguém com o logotipo da Globo na testa”. A mesma frase foi publicada no Twitter do petista.
O senador Cristovam Buarque (PPS-DF), que também já externou a intenção de se candidatar à Presidência, minimizou o resultado. “Se colocarmos os nomes do Faustão, Fernanda Montenegro e de atores de novela, acho que também teriam aprovação desse tipo”, disse. Para ele, um candidato tem de estar “carregado” de proposta e bagagem política. “Fica difícil responder sobre o nome do Huck porque não sei qual é a proposta dele para o Brasil.”
Potencial candidato à Presidência pelo PSDB, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse, durante visita a Barra Bonita, que novas lideranças na política, como Huck, “são positivas”. “A pior política é a omissão. Não sei se ele será candidato (a presidente), mas se puder participar de alguma forma, ganha o País e a sociedade”, afirmou.
O Barômetro Político Estadão-Ipsos mostrou significativa melhora na imagem do apresentador nos últimos dois meses. A aprovação ao nome de Huck registrou salto de 17 pontos porcentuais desde setembro, passando de 43% para 60% no mês seguinte. Já a desaprovação caiu de 40% para 32% no mesmo período.
O cientista político Rodrigo Augusto Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ressaltou que os números não significam consolidação de eleitores que votariam em Huck, uma vez que a pergunta do levantamento é: “Agora vou ler alguns nomes e gostaria de saber se o senhor (a) aprova ou desaprova a maneira como eles vem atuando no País”.
Para o professor, a pesquisa revela o alto porcentual de entrevistados aprovando a atuação de Huck como apresentador da maior rede de televisão brasileira. “Isso pode, em breve, se converter em votos? A resposta, aqui, não é tão simples, pois a variável ainda importante no cenário para 2018 é se Lula será ou não candidato”, disse.
Articulação. Para transformar os 60% de aprovação em votos, Huck precisaria se aproximar de políticos experientes, sem perder o “ar de novidade”. Essa é a opinião do cientista político Vitor Oliveira, da agência Pulso Público. “Ele precisa dessas forças tradicionais para ter estrutura ou base para entrar em uma disputa eleitoral com chances reais”, afirmou. O apresentador tem dito que não é candidato, mas tem conversado com lideranças partidárias.
Para o estrategista-chefe da XP Investimentos, Celson Plácido, a baixa rejeição de Huck é “natural”.
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