- Folha de S. Paulo (26/3/2018)
A tímida repercussão política da declaração de Michel Temer de que disputará a reeleição decorre da baixa credibilidade que o próprio conferiu a seus atos e anúncios na chefia do governo federal.
Em entrevista à revista Istoé, divulgada na sexta-feira (23), ele afirmou que “seria uma covardia não ser candidato” a permanecer no Planalto nas eleições de outubro.
Na mesma conversa, o emedebista respondeu que não pretende divulgar seus sigilos bancários porque 300 blogs, segundo alega, usariam a informação como quisessem.
A quebra dos dados foi determinada pelo ministro Luís Roberto Barroso (STF) no inquérito que investiga se Temer recebeu propina do setor portuário. O presidente afirmou que “pensou” em abrir os extratos e fez uma previsão: como os documentos vão “vazar” do processo, as “pessoas terão acesso”.
Temer não só pensou em liberar suas contas bancárias como anunciou a medida por meio de nota oficial na noite de 5 de março, quando revelou-se a decisão de Barroso.
Naquele dia, a Presidência informou que Temer “dará à imprensa total acesso a esses documentos”.
“O presidente não tem nenhuma preocupação com as informações constantes em suas contas bancárias”, declarou a nota da assessoria.
Essa meia volta não surpreende. Temer anunciou e não cumpriu a promessa de afastar dos cargos os ministros denunciados pela PGR.
Depois de apanhar muito, o governo voltou atrás e revogou a desastrada portaria do trabalho escravo. No começo de gestão, há quase dois anos, o Ministério da Cultura chegou a ser extinto. Pressionado, o presidente desistiu da proposta.
Os exemplos acima são os mais emblemáticos. Faltaria espaço para listar cada marcha à ré do Planalto.
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