quinta-feira, 14 de junho de 2018

Bruno Boghossian: Ações em baixa

- Folha de S. Paulo

Insatisfeitos com ex-ministro, aliados do presidente cobram mudança em campanha

Até Michel Temer começa a perder o ânimo com a candidatura de Henrique Meirelles a sua sucessão. Nos últimos dias, o presidente recebeu uma fila de ministros, senadores e deputados do MDB que defendem a retirada do ex-chefe da Fazenda da corrida ao Planalto.

A entrada de Meirelles na disputa era uma empreitada de baixo custo e baixas expectativas. O grupo de Temer acreditava que o ex-ministro serviria apenas como um polo de defesa do governo, em uma eleição marcada pelo descontentamento.

Sem experiência política, porém, Meirelles tem demonstrado pouca habilidade para esse papel. Até agora, apareceu com 1% nas pesquisas, não encaixou um discurso convincente sobre a recuperação da economia e dedicou poucos esforços à tarefa acessória de evitar que Temer se torne um saco de pancadas.

Aliados do presidente consideraram “desastrosa” a entrevista do ex-ministro no programa “Roda Viva” de segunda (11). Confrontado com o fato de que o PIB anda em marcha lenta, Meirelles ativou sua cabeça de banqueiro, elencou uma porção de números e mencionou só de passagem o recado de que conseguiu tirar a economia do buraco.

Questionado sobre as acusações de corrupção contra o presidente e outras figuras do MDB, o ex-ministro suspirava e dava respostas evasivas.

“Muitos políticos, líderes e empresários estão acusados, se defendendo na Justiça. Mas isso é de todos os grandes partidos. Não é característica do MDB”, tentou escapar, sem dizer uma palavra em defesa de Temer.

Agora, não apenas dissidentes como Renan Calheiros se opõem a sua candidatura. Personagens com acesso ao gabinete presidencial cobram mudanças na campanha de Meirelles e sugerem que ele saia de campo caso não encontre logo um rumo.

Alguns aliados de Temer acreditam ser mais produtivo liberar o MDB na disputa nacional para privilegiar a eleição de parlamentares. Assim, a sigla ficaria em posição mais vantajosa para negociar espaços no poder em 2019 —sob qualquer presidente.

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