O polo democrático e reformista deve ter o claro compromisso de dar seguimento ao resgate da dívida social.
Na terça-feira passada (05/06), na Câmera dos Deputados, partidos e personalidades do campo democrático assinaram um manifesto em prol da unidade em torno de um programa democrático e reformista.
Discursei em nome do PPS (Partido Popular Socialista).
A iniciativa é, em si mesma, alvissareira. O desejo da unidade é, sem dúvida, seu primeiro motor e alicerce.
Definimos o campo democrático como aquele que tem como bases a democracia, a república e a obediência à Constituição Federal.
Excluem-se o bolsonarismo e o lulopetismo.
Esses dois campos, um na ultradireita, outro no populismo totalitário de esquerda, opõem-se às normas e ritos constitucionais e deles derivados, flertam com saídas à margem da democracia para a imposição à sociedade de seus propósitos políticos e ideológicos.
Tivemos há poucos dias a demonstração cabal da simbiose objetiva entre esses dois campos extremistas, na greve/locaute dos caminheiros.
Ambos atuaram para desestabilizar a democracia e criar um clima de confronto na sociedade, que geraria incertezas sobre a realização das eleições gerais em 2018.
O baixo crescimento econômico, o desemprego, a crise acentuada dos sistemas de saúde pública, educacional, da segurança pública e dos transportes, dentre outros, são o caldo de cultura para a desesperança e para o cultivo de aventuras totalitárias, à direita e à esquerda.
O polo democrático e reformista deve ter o claro compromisso de dar seguimento ao resgate da dívida social.
A democracia e a república têm de ser o ambiente onde melhoram perceptivelmente as condições de vida do conjunto da população.
Deve, também, ter este polo o claro compromisso com as liberdades democráticas, as garantias individuais e o respeito absoluto à pluralidade e à diversidade de expressões em todas as áreas.
Todas essas questões estão contempladas, fundamentalmente, no Manifesto.
O detalhamento do programa mínimo é atividade para o curso da campanha, para os debates, para os encontros abertos com os diversos setores da sociedade brasileira.
O manifesto dá bases valiosas e um rumo para esse amplo debate.
É necessário que se sele um pacto de não agressão entre as candidaturas democráticas e reformistas.
O adversário não está entre nós, mas nos extremos.
No nosso campo, as ideias e ideais são plurais, diversos.
Devemos expô-los com toda abertura, mas sem perder jamais de vista o sentido da busca da convergência de propósitos.
Nesta altura do campeonato, em plena Copa do Mundo, ainda na fase de escolha de candidaturas pelas convenções partidárias, pode ainda não ser o momento da unificação de uma candidatura do campo expresso no manifesto.
Mas ela, a unificação, acontecerá, seja no segundo turno das eleições, ou mesmo no primeiro turno, pelas escolhas e respostas do eleitorado e pela sensibilidade e altruísmo de partidos e personalidades do campo expresso pelo Manifesto.
O decisivo é que todos os partidos e personalidades do campo democrático jamais deixem de ter em mente a busca da convergência, o combate ao extremos e a perseguição da governabilidade e da estabilidade, com transparência para a sociedade, no pós-eleições. Há um dia seguinte às eleições de outubro.
Temos uma grande oportunidade, no período eleitoral, de trazer a atenção dos brasileiros e brasileiras para as grandes questões nacionais que podem fazer o Brasil reencontrar seu caminho para o desenvolvimento, político, econômico, social e cultural, nos eixos da democracia e da república, com pluralismo, diversidade, sustentabilidade e busca da justiça social.
Propus, em Brasília, nesta terça-feira, que os presidentes dos partidos ali presentes dessem um passo seguinte, uma reunião para aprofundarmos as tratativas na direção da unidade.
A história dirá se a reunião da terça-feira, 5 de junho, poderá ter sido um primeiro e grande passo nessa direção. Essa é a nossa aposta, com a veemência e o compromisso que o momento exige. (Blog do Noblat/Revista Veja – 09/06/2018)
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