“O jogo só termina quando acaba”
Desde que o ex-ministro Joaquim Barbosa desistiu de disputar a sucessão de Temer, o presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Carlos Siqueira, esgoelou-se de tanto repetir que caberia ao seu partido apoiar algum candidato, mas jamais ficar neutro.
Siqueira viajou, ontem, às pressas a Belo Horizonte para comunicar a Márcio Lacerda (PSB) que ele não poderá ser mais candidato ao governo de Minas Gerais como pretendia. A cúpula do PSB, pressionada pelo PT, afinal decidira pela neutralidade do partido.
Que cúpula? – quis saber Lacerda. Siqueira enrolou-se para explicar, uma vez que não houve reunião de cúpula alguma. O PSB tem convenção marcada para o próximo domingo. E a maioria de suas seções estaduais não foi consultada sobre o acordo com o PT.
De volta a Brasília, Siqueira calou-se. Os principais líderes do PSB também se calaram à espera que o partido nos Estados engula ou regurgite o acordo. “O jogo só termina quando acaba”, comentou irônico o presidente do PDT, Carlos Lupi.
PDT e PSB se coligaram em 13 Estados para concorrer aos governos. Em seis deles, o PDT apoia candidatos do PSB. Esse número ainda poderá crescer a depender do que aconteça nas próximas horas.
A marcha da insensatez do PT em Pernambuco
A lição esquecida de Tancredo Neves
Do alto de uma sabedoria acumulada ao longo de décadas, o presidente da República que morreu antes de tomar posse costumava ensinar aos jovens: “O natural na política é muito forte”.
O mineiro Tancredo de Almeida Neves, no ramo da política há mais de 50 anos, queria dizer simplesmente o seguinte: contra o natural, não insista. Se insistir, no mais das vezes perderá.
Era natural, por exemplo, que o deputado Ulysses Guimarães, líder da oposição nos anos 80, fosse o candidato do PMDB a presidente da República se as eleições diretas acabassem restabelecidas.
Como não foram, a candidatura de Tancredo tornou-se natural. Tanto que ele se elegeu em um colégio formado por deputados, senadores e delegados estaduais onde o governo tinha maioria.
A candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco era o natural até ontem. Neta de Miguel Arraes, ela empolgou o PT no Estado e lidera todas as pesquisas de intenção de voto. Mas aí…
Interessado em impedir que o PSB apoie Ciro Gomes (PDT), a Executiva do PT vetou a candidatura de Marília para facilitar a reeleição de Paulo Câmara (PSB), governador de Pernambuco.
Não sairá barato para o PT. Hoje, 320 delegados do PT pernambucano se reunirão no Recife para decidir se o partido deve ou não ter candidato próprio ao governo.
E se decidirem que o partido deve ter? Então no próximo domingo aclamarão Marília como candidata. E como ficará a direção nacional do partido? E como ficará o PSB que recuou do apoio a Ciro?
A candidatura de Marília já foi longe demais para que o PT possa rifá-la sem que o partido imploda no Estado. Ali, antes de Marília, o PT se tornara irrelevante apesar de toda a força de Lula.
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