- O Estado de S.Paulo
A semana em Brasília foi marcada pela despedida de velhas raposas, a chegada de novos rostos e a tentativa dos sobreviventes ao tsunami que virou o Congresso de ponta-cabeça de se adaptar ao novo ecossistema. A dinâmica de como essas forças vão se acomodar deverá ditar o sucesso de parte substancial da agenda do governo Jair Bolsonaro, daí a importância de se olhar para o Legislativo desde hoje, o dia 1.
Paulo Guedes, o ministro da Economia, acabou se transformando, num sinal dos novos tempos, numa espécie de avalista dos que almejam comandar as duas Casas do Parlamento. Rodrigo Maia (DEM) e o “novo” Renan Calheiros (MDB) buscaram antes a interlocução do “posto Ipiranga” que a dos responsáveis pela articulação política do governo, o que é mais do que sintomático de qual será a prioridade daqui em diante.
O bom trânsito com os congressistas é uma prioridade da equipe de Guedes. O convencimento de que a reforma da Previdência corrige distorções, dirime privilégios e, sobretudo, será a garantia de que Estados e municípios voltarão a investir e que os serviços públicos melhorarão começou a ser feito antes mesmo da posse de hoje.
A ordem é que o projeto chegue à Câmara já mastigado, com a narrativa ditada pelo governo, e não apropriada pela oposição, como ocorreu com Michel Temer. “Precisamos dar conforto para que os deputados e senadores votem”, me disse um dos comandantes das negociações.
A dúvida maior do governo recai sobre o Senado. Renan saiu vitorioso na bancada do MDB, mas a divisão ficou explícita ali e também está no plenário. A avaliação é de que, se vencer, ele pode até apoiar as reformas, mas cobrará um preço alto demais – e que certamente irá contra a pregação de Bolsonaro de renovação política.
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