sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

País ainda tem 12,2 milhões de desempregados

A retomada do crescimento econômico não fez ceder o desemprego no país, que atinge12,2 milhões de pessoas. O índice do IBGE ficou em 11,6% em dezembro. A leve recuperação do mercado de trabalho em 2018 se deve ao maior número de pessoas em vagas sem carteira assinada ou com negócio sem registro.

Em busca de uma chance

Desemprego cai em 2018, mas 12,2 milhões ainda não têm trabalho

Daiane Costa / O Globo

A taxa de desemprego cedeu em 2018, mas o país ainda tem 12,2 milhões de pessoas em busca de trabalho. Enquanto outros indicadores já deram sinais de reação com a retomada da atividade econômica, a leve melhora registrada no mercado de trabalho se deveu à criação de vagas de menor qualidade: sem registro e com salários mais baixos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do IBGE, a informalidade bateu recorde no ano passado. Uma em cada quatro pessoas ocupadas trabalhava por conta própria. E a renda média real do trabalhador fechou o segundo ano sem subir.

Segundo economistas, a taxa de desemprego, que no trimestre encerrado em dezembro foi de 11,6%, só deve voltar à casa de um dígito em 2022. As previsões para este ano são de melhora na oferta de vagas formais, que pagam mais, na esteira da recuperação.

— Em 2018, tivemos mais população empregada, mas com muita informalidade e taxas de subutilização recordes, o que coloca o mercado de trabalho em 2018 ainda numa condição desfavorável — analisou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Renda do IBGE, observando que trabalhadores por conta própria já são 25% dos brasileiros ocupados. — O número de trabalhadores com carteira de trabalho deixa a desejar. O número de empregadores cresce, mas é um empregador de porte pequeno e na informalidade.

PERDA PARA A PREVIDÊNCIA
Na média do ano de 2018, o desemprego ficou em 12,3%, abaixo dos 12,7% do ano anterior. Um dos efeitos mais agressivos da crise, destacou o técnico do IBGE, é o aumento do número de trabalhadores domésticos acompanhado de alta desse tipo de vaga sem carteira assinada.

O total de ocupados na informalidade chegou a 35,4 milhões, em média, em 2018 —o mais alto já registrado na pesquisa, iniciada em 2012. Esse número engloba trabalhadores no setor privado (11,19 milhões) e empregados domésticos informais (4,42 milhões), além de empregadores (905 mil) e trabalhadores por conta própria sem CNPJ (18,8 milhões). Com isso, o percentual de trabalhadores que contribuíam para o INSS foi o mais baixo dos últimos cinco anos: 63,4%. Dessa forma, o desemprego agrava o rombo da Previdência.

Artur Passos, economista do Banco Itaú, chama a atenção para o fato de que, em um ano, entre o último trimestre de 2017 e o mesmo período de 2018, a taxa de desemprego ter cedido apenas 0,2 ponto percentual.

A renda média do trabalhador ficou estagnada em R$ 2.254 no último trimestre do ano passado. A última vez que teve variação significativa foi no primeiro trimestre de 2017, na comparação com o imediatamente anterior: 1,4%.

— O mercado de trabalho refletiu, em 2018, a decepção com o crescimento da economia, que terá resultado menor que o esperado no início do ano — avaliou Passos, que prevê que o índice de desemprego seguirá em dois dígitos até o final de 2021. — A geração de vagas tem sido menor que o necessário para levar a taxa de desemprego a um nível mais baixo e sustentável.

REFORMA PODE AJUDAR
Nas contas de Thiago Xavier, economista da Tendências Consultoria Integrada, o Produto Interno Bruto (PIB) do país deve crescer 2% este ano. Com essa expansão da economia, ele espera a geração de 850 mil empregos formais.

Mas para que essa previsão se concretize, diz Xavier, o mercado conta, ao menos, com o encaminhamento pelo governo da proposta da reformada Previdência ao Congresso ainda no primeiro semestre do ano.

— Isso dará confiança ao empresário sobre a contenção da explosão das contas públicas e crescimento mais sustentável da economia. Só assim ele vai voltar a investir e contratar — analisou o economista. — Há muita lentidão no processo de reação da economia, então vai demorar para recuperar todos os empregos perdidos. Quando a atividade crescer com mais força, isso vai impulsionar ageração de vagas de maior qualidade.

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