A aprovação da reforma da Previdência pode desencadear o círculo virtuoso de que o país tanto precisa para voltar a crescer
Há momentos na história econômica de um país que são transformadores, que deixam seu legado de mudança por décadas. Há 25 anos, os leitores mais maduros de VEJA certamente se lembram, aconteceu a implantação do Plano Real. O Brasil vivia um caos econômico em que a renda da população, especialmente a dos mais pobres, era corroída sem dó pela inflação. Tal situação atrapalhava a vida financeira de empresas e pessoas. Com a criação da nova moeda, um outro patamar de desenvolvimento se estabeleceu.
Assim como o Plano Real, a reforma da Previdência proposta pelo governo de Jair Bolsonaro evidentemente não será uma panaceia para todos os males da nação. Mas sua aprovação, no menor espaço de tempo possível, pode desencadear o círculo virtuoso de que o país tanto precisa para voltar a crescer. Trata-se da sinalização que os empresários daqui e do exterior esperam para liberar investimentos congelados diante do atual cenário de incerteza. No futuro, poderemos olhar para trás e identificar este momento como um divisor de águas em nossa história
Pelo projeto em tramitação na Câmara, seria gerada uma economia de mais de 1 trilhão de reais em dez anos, ceifando privilégios de determinadas categorias, notadamente a elite do serviço público, e proporcionando folga ao caixa da União. Pai da economia moderna, Adam Smith produziu uma frase que define bem o acerto deste governo em reformar nossa Previdência atual: “É injusto que toda uma sociedade contribua para custear uma despesa cujo benefício vai apenas para uma parte dessa sociedade”.
O desequilíbrio nas contas públicas em razão das aposentadorias tem sido um tema recorrente de VEJA. De 1994 para cá, publicamos seis capas sobre o assunto. Apenas nos últimos dois anos, foram cerca de trinta reportagens. Nesta edição, diante da importância e da gravidade do momento, voltamos a revisitar esse “buraco negro” com uma entrevista exclusiva do ministro Paulo Guedes e dados detalhados sobre a economia proporcionada pelo projeto enviado ao Congresso (que ainda pode sofrer alterações, caso deputados e senadores não compreendam seu papel numa votação que pode definir o futuro do Brasil por décadas).
De forma inequívoca, comprova-se que tal alteração será benéfica — e muito mais justa — para o conjunto dos brasileiros. Por esse motivo, e com base no compromisso que temos com o país, VEJA é a favor da reforma. Neste domingo (26), quando apoiadores de Bolsonaro prometem sair às ruas em uma inoportuna manifestação, tomara que apareçam muitos cartazes a favor da nova Previdência — e não ataques contra membros do próprio governo e instituições como o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.
Publicado em VEJA de 29 de maio de 2019, edição nº 2636
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