quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Adriana Fernandes - Promessas vazias e retrocesso

O Estado de S. Paulo.

Os candidatos tratam os eleitores com a certeza de que eles gostam de ser enganados

Para quem acompanha a política econômica de perto há 25 anos, é desanimador ver que os primeiros dias da campanha eleitoral para a Presidência da República tenham sido marcados por promessas velhas e empacotadas para enganar os eleitores. A mais emblemática delas é a promessa de correção da faixa de isenção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF).

Nas eleições de 2018, esse foi o tema que “dominou” a campanha e as promessas na reta final da campanha. Na época, Bolsonaro foi o primeiro a prometer a correção da faixa de isenção para cinco salários mínimos. Fernando Haddad logo seguiu o seu adversário fazendo a mesma promessa.

Agora, o tema volta à tona como se fosse ponto central e decisivo para os rumos do País. Bolsonaro prometeu e não fez nenhuma correção. Zero. Poderia ter começado desde o início do seu mandato.

Em 2022, promoveu diversas benesses: aumentou o dinheiro para emendas parlamentares secretas, concedeu subsídios, não trabalhou nenhum minuto sequer para cortar renúncias tributárias e “esqueceu” de cumprir a promessa no último ano do governo.

A proposta de correção da faixa de isenção chegou a ser incluída no projeto de reforma do Imposto de Renda, parado no Senado. Aumento previsto de R$ 1,9 mil para R$ 2,5 mil.

A campanha oficial começa eéo mesmo repeteco. Bolsonaro protocolou no TSE o programa coma previsão de isenção de até cinco salários mínimos.

Não definiu a fonte de recursos. Foi uma decisão de última hora. A minuta preliminar do programa previa a isenção até R$ 2,5 mil mensais.

O ex-presidente Lula seguiu o mesmo caminho. Falou que quer isentar quem ganha até R$ 5 mil.

Nenhum cumprirá a promessa. Não apenas porque a correção para R$ 5 mil custa muito caro, mas a razão é que, do ponto de vista tributário, há outras prioridades para garantir maior eficiência e progressividade ao sistema. Por mais que a tabela esteja defasada.

É natural que os candidatos não queiram dar detalhes de medidas para não desagradar, mas um debate sobre o futuro do País nos próximos anos nesse nível é muito raso.

Os candidatos tratam os eleitores brasileiros com a certeza de que eles gostam mesmo é de ser enganados. Tudo indica que é a pura verdade.

O festival de promessas de redução de impostos foi disparado na eleição. Candidato a governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas deu o tom. Prometeu um “revogaço” de impostos no maior Estado do País. Quem acredita?

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara jornalista por saber que a sua coluna é muito lida, peço desculpa de tratar de um outro assunto que gostaria de vê-la comentar.
É sobre a perseguição do governo socialista de Daniel Ortega na Nicarágua aos cristãos católicos.
Padres e bispos estão em prisão domiciliar, outros padres e leigos estão presos ou desaparecidos sequestrados
As igrejas estão sendo vandalizadas e queimadas , é proibido realizar missa , Está um verdadeiro terror para os cristãos na Nicarágua , recentemente o Lula defendeu Ortega dizendo que ele e Angela Merkel estavam há 16 anos comparando um ditador com uma democrata o Lula emprestou dinheiro pra Nicarágua quando o presidente e atualmente não levantar a voz para essas injustiças gostaria que você abordasse esse assunto tão importante
Obrigado

Anônimo disse...

Prezada jornalista, solicito sua atenção para a denúncia de que um dos candidatos mais fortes desta eleição, que inclusive tem intenção de chegar ao segundo turno, seria Tchutchuca do Centrão... Procede esta informação? Agradeço sua atenção!

ADEMAR AMANCIO disse...

Ninguém é louco de dizer a verdade,rs.