quinta-feira, 27 de julho de 2023

Celso Ming – A Fitch melhora a nota do Brasil

O Estado de S. Paulo

A Fitch foi nesta quarta-feira a primeira das três grandes agências de classificação de risco a reconhecer a melhora da qualidade da economia brasileira desde 2018. Aumentou em um degrau a nota da economia do Brasil, de BB-, para BB.

As mais importantes agências de avaliação de risco, além da Fitch, são a Standard & Poor’s e a Moody’s. Elas existem para avaliar o grau de confiança de um título de dívida, ou seja, o tamanho do risco de calote que um devedor pode passar no mercado. Quando ganha reputação de altamente confiável, um título obtém grau de investimento. Quando não, é considerado título especulativo.

Os títulos do Tesouro do Brasil ainda são considerados especulativos, embora entre 2008 e 2015, tivessem mantido grau de investimento. Essas classificações se tornaram necessárias porque grande número de instituições e de fundos exige que suas carteiras de aplicações financeiras sejam carregadas apenas com títulos altamente confiáveis. A referência é o título do Tesouro dos Estados Unidos, o T-bond. Quanto mais confiável um título, maior a procura dos investidores por ele. Por isso, pode pagar juros mais baixos.

Na escala da Fitch, o Brasil ainda precisa avançar para chegar ao grau de investimento.

A percepção da qualidade do Brasil melhorou porque as condições das contas públicas estão mais seguras. E isso tem a ver com avanços na PEC do arcabouço fiscal, na reforma tributária, na redução da inflação e com melhores perspectivas do PIB. Mas são condições que precisam ser vistas apenas como bom começo, sujeito a retrocessos, porque o governo Lula está sendo empurrado por “desenvolvimentistas” para que o governo deixe de lado a política econômica mais ortodoxa e estique a gastança e a dívida para alavancar o crescimento.

O ministro Fernando Haddad festejou a classificação. Mas segue sendo pressionado pelos radicais do seu partido.

Mais cedo ou mais tarde, as outras duas agências de classificação de risco também puxarão para cima as suas avaliações.

Vamos às consequências. Os prêmios de risco dos títulos do Brasil podem agora ser baixados e isso implica menores despesas com juros. Como está sobrando dinheiro no mundo, é provável que aumente o envio de investimentos estrangeiros para o Brasil, estimados em US$ 80 bilhões para este ano. Em alguma medida, reforça também a tendência de valorização do real (queda da cotação do dólar).

O Banco Central tem agora mais um fator para a redução dos juros básicos. Mas isso não implica necessariamente que, na próxima reunião do Copom, a queda seja de meio ponto porcentual, pela condução conservadora da política monetária.

 

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