O Estado de S. Paulo
A Fitch foi nesta quarta-feira a primeira
das três grandes agências de classificação de risco a reconhecer a melhora da
qualidade da economia brasileira desde 2018. Aumentou em um degrau a nota da
economia do Brasil, de BB-, para BB.
As mais importantes agências de avaliação
de risco, além da Fitch, são a Standard & Poor’s e a Moody’s. Elas existem
para avaliar o grau de confiança de um título de dívida, ou seja, o tamanho do
risco de calote que um devedor pode passar no mercado. Quando ganha reputação
de altamente confiável, um título obtém grau de investimento. Quando não, é
considerado título especulativo.
Os títulos do Tesouro do Brasil ainda são considerados especulativos, embora entre 2008 e 2015, tivessem mantido grau de investimento. Essas classificações se tornaram necessárias porque grande número de instituições e de fundos exige que suas carteiras de aplicações financeiras sejam carregadas apenas com títulos altamente confiáveis. A referência é o título do Tesouro dos Estados Unidos, o T-bond. Quanto mais confiável um título, maior a procura dos investidores por ele. Por isso, pode pagar juros mais baixos.
Na escala da Fitch, o Brasil ainda precisa
avançar para chegar ao grau de investimento.
A percepção da qualidade do Brasil melhorou
porque as condições das contas públicas estão mais seguras. E isso tem a ver
com avanços na PEC do arcabouço fiscal, na reforma tributária, na redução da
inflação e com melhores perspectivas do PIB. Mas são condições que precisam ser
vistas apenas como bom começo, sujeito a retrocessos, porque o governo Lula
está sendo empurrado por “desenvolvimentistas” para que o governo deixe de lado
a política econômica mais ortodoxa e estique a gastança e a dívida para
alavancar o crescimento.
O ministro Fernando Haddad festejou a
classificação. Mas segue sendo pressionado pelos radicais do seu partido.
Mais cedo ou mais tarde, as outras duas
agências de classificação de risco também puxarão para cima as suas avaliações.
Vamos às consequências. Os prêmios de risco
dos títulos do Brasil podem agora ser baixados e isso implica menores despesas
com juros. Como está sobrando dinheiro no mundo, é provável que aumente o envio
de investimentos estrangeiros para o Brasil, estimados em US$ 80 bilhões para
este ano. Em alguma medida, reforça também a tendência de valorização do real
(queda da cotação do dólar).
O Banco Central tem agora mais um fator
para a redução dos juros básicos. Mas isso não implica necessariamente que, na
próxima reunião do Copom, a queda seja de meio ponto porcentual, pela condução
conservadora da política monetária.
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