Folha de S. Paulo
Há como bloquear o pagamento para empresas, explicam instituições financeiras
Há meios de proibir as
apostas online, nas bets. Um modo de acabar com essa jogatina
seria proibir as
instituições financeiras de fazer pagamentos de apostadores para as empresas de
jogo: transferências bancárias quaisquer, Pix, boletos, cartão de
crédito etc. É o que dizem instituições financeiras, que comentaram de modo
reservado a possibilidade
técnica de interditar o fluxo de dinheiro de apostas para as
bets.
As tentativas de pagamentos de pessoas físicas para tais e quais empresas teriam de ser bloqueadas. Seria preciso listar oficialmente os CNPJs das empresas classificadas sob certo ramo de atividade (pela CNAE, por exemplo). Pode-se listar também um conjunto de empresas estrangeiras que exerçam tal atividade ou ainda proibir o acesso das estrangeiras às redes brasileiras.
Dá para burlar, claro. Empresas criminosas
podem registrar novos CNPJs para camuflar sua atividade. Apostadores
com cartão de crédito poderiam fazer pagamentos internacionais
a empresas disfarçadas ou que tenham outro meio de se livrar das restrições.
A bandalha é inevitável, mas os custos e os
riscos de jogar e oferecer o jogo aumentariam muito, com o que boa parte desse
negócio perderia interesse ou até ficaria inviável. Tendo em
vista a ruína social e econômica causada pela oferta de bets, é
um caso a se considerar seriamente.
O governo diz que a hipótese de proibição
"não está na mesa neste momento", mas "a estrutura de controle
foi montada" de modo a implementar restrições, inclusive de publicidade.
Em estudo estão as restrições de Pix, cartão de crédito e cartão do Bolsa
Família, como é sabido. Deve haver
acompanhamento de perdas e ganhos de cada apostador, a fim de se
verificar risco de ruína ou outro problema.
No Congresso, não há movimento relevante no
sentido de propor proibição total. Nem deve haver, dados os interesses
econômicos envolvidos.
Os argumentos clichê ou também simplórios
contra a proibição são basicamente os seguintes
São ataques à
liberdade individual, ou pelo menos limitações indevidas
Proibições são burladas, "vide a Lei
Seca" nos EUA, de 1920 a 1933
É quase tudo verdade. Não é relevante.
Burla e crime sempre houve, ao que se sabe
pelo menos desde o Código de Ur-Nammu, escrito em sumério, faz uns 4.000 anos.
Relevantes são o grau de burla e custos e efeitos práticos positivos da
proibição.
Vivemos sob restrições de liberdades, para
resumir uma discussão enorme. É obrigatório usar cinto de segurança ou votar. A
interrupção voluntária da gravidez é proibida, afora exceções minoritárias.
Podemos beber álcool até morrer ou matar, mas não usar maconha, crack ou
heroína. Não se pode criar uma empresa gestora de prostituição (Cafetinex
S.A.), mas não é crime se prostituir. Não se pode comprar dinamite ou urânio
para uso recreativo (sarcasmo), embora se possa comprar fuzil de guerra. O
sabido.
O que vai ser
proibido ou permitido depende de regras de moralidade
geralmente aceitas e de barganhas políticas e sociais de liberdades e de
direitos. Com sorte, depende também de alguma ideia de autonomia, bem-estar
social e redução de violências. Um meio razoável de interferir no debate moral
ou político é ponderar custos e benefícios de proibições e liberações. É o que
falta na discussão da desgraça das bets.
Um comentário:
Fumar maconha não pode,mas encher a cara pode,só por Deus!
Eu sou contra os dois hábitos,diga-se.
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