Clóvis Rossi
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - O bom resultado do PIB no segundo semestre fará chover, de novo, festejos que desmentem o sedutor estribilho da campanha Marta Suplicy, segundo o qual paulistano "não se contenta com pouco". Errado. Não só o paulistano mas o brasileiro contenta-se, sim, com pouco.
O governo Lula, então, faz até propaganda do pouco. Ou do nada, no caso da lenda da queda da desigualdade, que não existe. Caiu apenas a desigualdade entre assalariados, mas não entre quem vive de salário e quem tem renda do capital.
A propósito, no mais recente boletim do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, Marcio Pochmann, presidente do Ipea, volta ao tema ao escrever que desde a década de 1950 cai a participação do salário na renda.
"Atualmente [governo Lula, portanto], menos de 40% da renda nacional são apropriados pelos trabalhadores; no final da década de 1950, aproximava-se de 60%. Em contrapartida, os detentores de patrimônio assistem à expansão contínua de seus rendimentos".
Na mesma toada, três agências da ONU acabam de divulgar estudo apontando falta de "trabalho decente" no Brasil. Significa, entre outras coisas, "ausência do trabalho infantil ou forçado; nível adequado de remuneração, formalidade e acesso à proteção social; oportunidades iguais de acesso ao emprego e às ocupações de mais qualidade e mais bem remuneradas".
Menos mal que quem deixa o governo Lula passa a enxergar as coisas como são, caso de André Singer, ex-porta-voz do presidente, que escreveu ontem que o filme "Linha de Passe" "contribui para repor a questão central do período, a de saber se ainda temos chance de produzir uma "virada" civilizatória ou se seremos obrigados a nos conformar com a barbárie transformada em sistema".
Pois é, seis anos de Lula, muita festa e nenhuma "virada".
DEU NA FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - O bom resultado do PIB no segundo semestre fará chover, de novo, festejos que desmentem o sedutor estribilho da campanha Marta Suplicy, segundo o qual paulistano "não se contenta com pouco". Errado. Não só o paulistano mas o brasileiro contenta-se, sim, com pouco.
O governo Lula, então, faz até propaganda do pouco. Ou do nada, no caso da lenda da queda da desigualdade, que não existe. Caiu apenas a desigualdade entre assalariados, mas não entre quem vive de salário e quem tem renda do capital.
A propósito, no mais recente boletim do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, Marcio Pochmann, presidente do Ipea, volta ao tema ao escrever que desde a década de 1950 cai a participação do salário na renda.
"Atualmente [governo Lula, portanto], menos de 40% da renda nacional são apropriados pelos trabalhadores; no final da década de 1950, aproximava-se de 60%. Em contrapartida, os detentores de patrimônio assistem à expansão contínua de seus rendimentos".
Na mesma toada, três agências da ONU acabam de divulgar estudo apontando falta de "trabalho decente" no Brasil. Significa, entre outras coisas, "ausência do trabalho infantil ou forçado; nível adequado de remuneração, formalidade e acesso à proteção social; oportunidades iguais de acesso ao emprego e às ocupações de mais qualidade e mais bem remuneradas".
Menos mal que quem deixa o governo Lula passa a enxergar as coisas como são, caso de André Singer, ex-porta-voz do presidente, que escreveu ontem que o filme "Linha de Passe" "contribui para repor a questão central do período, a de saber se ainda temos chance de produzir uma "virada" civilizatória ou se seremos obrigados a nos conformar com a barbárie transformada em sistema".
Pois é, seis anos de Lula, muita festa e nenhuma "virada".
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