A discussão da reforma política, da criação e/ou fusão de novas legendas partidárias tem 2012 como foco tático, mas o objetivo estratégico inegável são as eleições de 2014, essas sim, de disputa do poder central e de estados importantes.
Na verdade, o que as forças políticas desejam é formar base de prefeitos e vereadores para funcionar como cabos eleitorais de luxo, já pagos por dinheiro público, para promover campanhas de futuros candidatos a deputados, senadores, governadores e presidentes. Nada de estranho nisso, pois assim é a Democracia, através de campanhas e eleições se constroem hegemonias e maiorias.
O estranho é que se faça isso sem que as mensagens partidárias se diferenciem umas das outras, doutrinariamente e programaticamente, sobre o que entendem por administrar cidades e sobre como deve ser a prática da democracia no poder local.
As campanhas municipais são construídas quase que exclusivamente sobre nomes e as particularidades de cada candidato. O “marketing político” centra suas preocupações nisso já de algum tempo, construindo a “imagem do candidato” independentemente do conteúdo programático da sua mensagem ou de sua real capacidade de conduzir um governo.
Sob essas características é que vemos movimentos esdrúxulos como esse do prefeito Kassab (ex-DEM) de São Paulo, ex-aliado incondicional de Serra (PSDB), promover a criação de um novo partido, com lançamento na Bahia sob o aplauso e incentivo do governador Vagner do PT, alimentando ainda a pretensão de fusão com o PSB e passar assim a ser também base do governo federal.
Certamente, situações como essa não seriam possíveis ou bons resultados não seriam imagináveis, numa Democracia mais consolidada, com eleitores mais esclarecidos e menos sujeitos à magia das transfigurações.
Dava assunto de sobra para o Stanislaw Ponte Preta, escrever mais de um “Samba do Crioulo Doido”, do qual, para relembrar, segue um trecho: “Joaquim José, que também é, da Silva Xavier, queria ser dono do mundo, e se elegeu Pedro II. Das estradas de Minas, seguiu pra São Paulo, e falou com Anchieta, o vigário dos índios, aliou-se a Dom Pedro, e acabou com a falseta, da união deles dois, ficou resolvida a questão e foi proclamada a escravidão.”
Pelo menos a Lei da Ficha Limpa valerá para as próximas eleições. Enganadores e trânsfugas poderão ser eleitos, pois o voto popular, livre e secreto, é o único e melhor critério para colocar ou tirar alguém do poder, mas enganadores e trânsfugas que sejam criminosos condenados em segunda instância não poderão ser nem candidatos.
O que impressiona, surpreende é choca é perguntar: como antes puderam ser?
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com
FONTE: JORNAL DA CIDADE – PINDAMONHANGABA/SP
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