Preocupada com o fraco desempenho de Agnelo Queiroz, a cúpula do PT indicou nomes de confiança do partido para atuar no governo do DF. A ação teve o aval de Lula e da presidente Dilma.
PT tenta dar rumo à gestão de Agnelo no DF
Sob orientação de Lula e Dilma, integrantes do primeiro escalão do governo ocupam secretarias na Capital Federal
Luiza Damé
BRASÍLIA. Antes mesmo das suspeitas de envolvimento de funcionários do Governo do Distrito Federal (GDF) com o esquema do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, em ação combinada com o PT nacional, promoveram uma espécie de intervenção branca na gestão de Agnelo Queiroz (PT). A preocupação com o fraco desempenho do petista na capital federal já era manifestada desde o ano passado, mas cresceu nas últimas semanas, quando dois integrantes do primeiro escalão do governo Dilma foram deslocados para compor a equipe de Agnelo.
O objetivo da "ajuda" é tentar dar um rumo à administração petista, que enfrenta problemas nos setores de saúde, educação, transportes e, principalmente, na área de segurança pública. Em campanha por salários mais altos, a Polícia Militar do Distrito Federal - a mais bem remunerada de todo o país - está em operação padrão desde fevereiro, o que tem provocado um aumento substancial nos índices de criminalidade. Só nos últimos dias foram registrados seis sequestros relâmpago num espaço de 10 horas e 13 assassinatos em duas semanas.
O olhar cuidadoso de Lula, Dilma e do PT nacional para o GDF foi reforçado na última semana, quando surgiu notícia de que o esquema de Cachoeira entrou em contato com o diretor-geral da DFTrans, a agência responsável pelo serviço de transportes na capital, para tentar garantir á empreiteira Delta um contrato milionário de bilhetagem. O contato não foi bem sucedido - a licitação ainda será feita - e o GDF nega que o funcionário tenha conversado com um emissário de Cachoeira.
Oficialmente a convite do governador, mas sob a orientação de Lula e Dilma, Swedenberger Barbosa despacha no Palácio do Buriti, a sede do GDF, desde 20 de março. Coordenador das campanhas presidenciais de Lula em Brasília e homem forte de José Dirceu quando este era ministro da Casa Civil, Berger, como é conhecido, deixou o cargo de secretário-executivo-adjunto da Secretaria Geral da Presidência da República para assumir a Casa Civil do Distrito Federal.
Berger será também o secretário-executivo da Junta de Acompanhamento de Execução Orçamentária, que foi reforçada por outro petista egresso do governo federal: Luiz Paulo Barreto, que foi secretário-executivo do Ministério da Justiça nos últimos nove anos e chegou a comandar a pasta no fim do governo Lula, assume a Secretaria de Planejamento no governo Agnelo.
Agnelo não concorda com o que os próprios petistas chamam de intervenção branca, mas admite que a ajuda federal é decisiva para o desempenho de seu governo. Agnelo é citado em dois casos investigados pelo Ministério Público Federal: o esquema de desvio de recursos públicos no Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, e supostos pagamentos irregulares feitos a ele, depois que deixou uma diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 2010.
FONTE: O GLOBO
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