Na América do Sul, País só vai crescer mais que Argentina e Venezuela, e expansão da economia ficará abaixo da média dos demais emergentes
Jamil Chade
GENEBRA - Só a Argentina e a Venezuela crescerão menos que o Brasil em 2013 na América do Sul. Da¬dos divulgados ontem pela ONU apontam que o Brasil crescerá abaixo da média dos emergentes neste ano e adverte que uma desaceleração da China teria impacto mais pro¬fundo na economia brasileira que uma crise na zona do euro ou uma recessão nos EUA.
Segundo um informe da ONU, um aprofundamento da crise da dívida na Europa tiraria, em 2013, mais 0,1 ponto porcentual do PIB brasileiro. Os cálculos indicam que a volta de uma crise nos EUA por causa do abismo fiscal também tiraria 0,1 ponto do PIB brasileiro no ano. Já uma desaceleração ainda maior da China, o maior destino das exportações nacionais, teria o potencial de fazer o PIB do Brasil recuar 0,4 ponto neste ano. Se esse cenário for mantido, a queda em 2014 seria de 1,1% e de 1,7% em 2015.
Os dados, segundo os analistas, revelam a dependência do Brasil em relação à China. Na média mundial, o cenário seria um pouco diferente. O PIB mundial perderia 0,3 ponto com a crise na zona do euro, ante 0,4 com uma desaceleração da China. Mas o abismo fiscal americano retiraria 1,2 ponto do PIB global.
Considerando, entretanto, um cenário de recuperação, os dados indicam que a economia brasileira vai crescer 4% em 2013. 0 índice representa uma revisão para baixo em comparação com as estimativas de junho de 2012, que apontavam crescimento do PIB de 4,5%.
Se a taxa de 2013 é bem superior à de 2012, a realidade é que o Brasil ficará uma vez mais bem atrás dos demais emergentes e mesmo da maioria dos países da região. A ONU reviu para baixo a expansão dó PIB mundial, reduzindo-a de 2,7% para 2,4%.
No caso do Brasil, a esperança é de um ano melhor. Mas a ONU deixa claro que, entre os vizinhos sul-americanos, só dois terão desempenho mais fraco. A Argentina crescerá 3,2% em 2013 e a Venezuela terá expansão de 2,5%. Uruguai, Chile, Peru e Paraguai estão entre os que terão desempenho melhor que o Brasil.
De 24 países latino-americanos avaliados, 13 crescerão mais que o Brasil. Para a ONU, o desempenho de toda a região está ligado diretamente ao que ocorra no País. Em 2013, o continente terá crescimento de 3,9% no PIB, cima dos 3,1% de 2012, ano que a queda de importação da China e da Europa afetou a região.
Entre as maiores economias emergentes, a taxa também será superior à do Brasil. Em 2013, a projeção é de 5,1%. Dos 25 maiores emergentes, 11 crescerão mais que o Brasil, incluindo China, Colômbia, índia e Peru. O País continuará abaixo da média em 2014. Apesar da expansão projetada ser de 4,4%, a média dos emergentes será de 5,6%.
Inflação. Apesar do crescimento abaixo da média dos demais emergentes, o Brasil sofrerá maior pressão inflacionária que em 2012. Para este ano, a projeção da ONU é de que a inflação supere os 5,8%, ante 5,3% no ano passado. Em 2014, o índice pre¬visto é de 5%. A pressão sobre os preços no Brasil será superior à média dos emergentes, que têm projeção de 5,2% em 2013.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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