A presidente Dilma e o ex-presidente Lula criaram uma "operação para salvar´ Haddad, revelou com exclusividade o Broadcast Político, lançado ontem pela Agência Estado.
Dilma e Lula tentam salvar Haddad
A presidente Dilma Rousseff e seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva, montaram uma "operação de salvamento" do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, alvo de nova onda de protestos, na noite de ontem. O prefeito encontrou-se ontem com Dilma e Lula, na Base Aérea de Congonhas, depois de uma reunião com representantes do Movimento Passe Livre, na qual se comprometeu a estudar a revisão da tarifa.
A informação sobre a operação de resgate de Haddad foi divulgada com exclusividade ontem no fim da tarde pelo Broad-cast Político - o primeiro serviço em tempo real do País na cobertura dos assuntos políticos, lançado oficialmente também ontem em Brasília.
Antes dessa conversa, Dilma tinha se reunido com Lula, com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, com o presidente do PT, Rui Falcão, e com o marqueteiro João Santana, em um hotel da capital paulista. O ex-presidente disse que o PT e suas administrações erraram ao se distanciar da juventude e agora pagam o preço do afastamento.
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, deverá assumir a tarefa de interlocução com a juventude, e o governo estuda novos programas para beneficiar essa camada da população, que tem força eleitoral. Lula disse a Dilma e a Haddad que era preciso agir rápido para impedir mais desgaste aos governos do PT.
No diagnóstico do ex-presidente, a oposição começa a agir para "faturar" politicamente e, se o PT não abrir diálogo com a juventude, ninguém sabe como a onda de protestos terminará.
Diante dessa avaliação, Dilma acertou com João Santana, ainda na noite de segunda-feira, o tom do discurso lido ontem, durante a cerimônia de lançamento do Código de Mineração (mais informações nesta página).
Ajuste de discurso. No pronunciamento, elogiado por Lula, Dilma desviou do cerco político e se solidarizou com as manifestações pacíficas. "As vozes das ruas querem mais. O meu governo também quer mais", insistiu a presidente.
O discurso foi feito sob medida para tentar aproximar Dilma da juventude e, mesmo sem citar diretamente o escândalo do mensalão, protagonizado por petistas, ela disse entender a mensagem das ruas, de repúdio à corrupção e ao uso indevido do dinheiro público.
No Palácio do Planalto, a avaliação é a de que o PT perdeu o controle não só da juventude, como também dos movimentos sociais.
Pesquisas qualitativas em poder de dirigentes do partido indicam agora que a insatisfação generalizada atinge tanto a imagem de Dilma, candidata à reeleição, como a de Haddad.
"É uma insatisfação contra o status quo”, resumiu o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel. “Isso pode até mesmo nos ajudar a apressar as mudanças que queremos para o País." A estratégia do PT é a de se solidarizar com os manifestantes, na tentativa de neutralizar o movimento, que começou com protestos contra o aumento da tarifa de transporte coletivo e fugiu ao controle do monitoramento do Planalto.
“Eu penso que temos de fazer uma autocrítica porque há um distanciamento do PT em relacão à agenda da juventude no período pos-Lula”, afirmou o deputado estadual Edinbo Silva, presidente do PT paulista. "Existe um ideário em disputa no País e, se não tivermos a capacidade de dialogar, esse movimento poderá ser facilmente cooptado por setores mais conservadores."
Governadores. A presidente Dilma também telefonou ontem para os governadores do São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), para falar sobre as manifestações ocorridas ontem nas capitais.
Na conversa com Alckmin, elogiou especificamente a ação da polícia, que, diferentemente da semana passada, não agiu com violência nem tentou conter a ação dos manifestantes na capital paulista. Também destacou o caráter pacífico da manifestação de segunda-feira.
Setores do partido entendem que a estratégia da comunica-cão com foco no social e a bandeira da retirada de milhões de pessoas da miséria precisa ser modificada porque já não dá conta de englobar os anseios da população que agora começam a aparecer.
O encontro de Dilma e Lula ocorreu no Hotel Shcraton, um dos mais luxuosos da capital paulista,e durou três horas. Como de costume, nem a Presidência e nem o Instituto Lula divulgaram o local do encontro.
Ontem, especificamente, temiam que a publicidade da reunião pudesse juntar manifestantes contrários a ambos. Após conversar com Dilma e Lula em Congonhas, Haddad aparentemente abandonou a disposição, que se mantinha firme desde a véspera, de não rever aumento da tarifa de R$ 3,20
Fonte: O Estado de S. Paulo
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