Bruna Carmona e Gustavo Lameira
As manifestações de ontem e da madrugada de hoje em Belo Horizonte foram marcadas por momentos distintos, terminando em um grande quebra-quebra no centro da capital mineira. No início da noite de terça-feira (18), os protestos foram pacíficos na região da Pampulha e também na região central, onde houve inclusive a elaboração de uma pauta de reivindicações por parte dos manifestantes. Cerca de 4.000 pessoas participaram desses dois atos, com início no campus da UFMG e concentração debaixo do viaduto de Santa Tereza.
Por volta de 21h, um outro grupo antes concentrado na praça Sete caminhou pela avenida Afonso Pena em direção à sede da prefeitura. Sem a presença da Polícia Militar, foram atiradas pedras e bombas contra a fachada do prédio. Graciano Ribeiro da Silva, de 18 anos, ficou ferido e foi levado para o Hospital João XXIII. Alguns vidros foram quebrados e a situação só foi contornada com a chegada de homens do Corpo de Bombeiros. Em seguida, uma pequena multidão marchou para a praça da Liberdade. O relógio com a contagem regressiva para a Copa do Mundo foi danificado.
No entanto, o momento de maior tensão ocorreu depois das 22h. Agências bancárias na praça Sete foram depredadas e uma loja da Vivo, perto da igreja São José, foi destruída. Ainda na praça Sete, os manifestantes cercaram um ônibus da linha 4103, e parte dos passageiros, assustada, desceu do coletivo. Três repórteres fotográficos, um deles de O Tempo, ficaram encurralados em uma loja da rede de fast food Habib's, na esquina da avenida Afonso Pena com rua Espírito Santo. Os profissionais subiram até o segundo andar para fazer fotos do protesto, quando foram avistados pelos manifestantes. Eles tentaram invadir a loja, mas a gerência conseguiu fechar as portas. Ainda segundo os fotógrafos, a PM não foi vista no local.
À tarde
Milhares de pessoas saíram da avenida Antônio Carlos no fim da tarde, em direção ao centro da capital, em mais uma manifestação contra o aumento do preço das passagens de ônibus, a corrupção e os gastos com a Copa.
Por volta das 17h45, os manifestantes estavam concentrados em frente à UFMG e bloqueavam os dois sentidos da avenida Antônio Carlos, causando retenção na barragem da Pampulha e reflexos no trânsito da avenida Pedro I e da MG-010.
Gritando palavras de ordem e segurando uma faixa com a mensagem "Não vai ter copa. O povo decidiu jogar", os manifestantes seguem o trajeto em direção ao centro, convocando pessoas que estão nos ônibus e nas ruas para se juntarem ao protesto.
Devido à manifestação, muitos comerciantes fecharam as portas nas proximidades da avenida Antônio Carlos. Pouquíssimos policiais acompanharam o protesto e não foi feito cordão de isolamento. O trânsito no sentido Venda Nova/centro foi desviado para a avenida Abraão Caram, até que a avenida Antônio Carlos fosse completamente liberada, por volta das 21h.
O deslocamento dos manifestantes em direção ao centro da cidade também fechou os dois sentidos do Anel Rodoviário na altura do bairro São Francisco por cerca de meia hora, causando uma retenção de 4 km no sentido Vitória.
Viaduto Santa Tereza
Embaixo do viaduto de Santa Tereza, na região central da capital, cerca de 400 pessoas também se reuniram e, com o apoio de um carro de som, discutiram os temas que irão nortear as próximas manifestações em Belo Horizonte.
O protesto foi promovido por meio do Facebook, e não houve uma liderança direta, por se tratar de um movimento horizontal. O estopim para o início dos protestos foi o aumento das passagens de ônibus e os gastos com as copas das Confederações e do Mundo.
No local, houve presença de pessoas ligadas a partidos políticos, representantes do Movimento dos Sem Terra e Sindicato dos Guardas Municipais de Minas Gerais. A Polícia Militar acompanhou de perto a reunião, que seguiu pacífica.
Os manifestantes seguiram para a avenida Afonso Pena, onde se juntaram aos demais grupos que protestam na cidade.
Fonte: O Tempo (MG)
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