• Moody's tem agora 8 empresas brasileiras na lista de "potenciais anjos caídos": as que podem perder o grau de investimento
• No quarto trimestre, 3 companhias corriam o risco mais claro de perder o selo de bom pagador pela agência
Giuliana Vallone – Folha de S. Paulo
NOVA YORK - O número de companhias brasileiras com risco de perder o selo de bom pagador --o chamado grau de investimento-- da agência de classificação de risco Moody's mais que dobrou no primeiro trimestre, em relação aos últimos três meses de 2014.
As notas dadas pelas agências de avaliação de riscos são usadas para balizar as decisões de investidores.
Entraram na relação de "potenciais anjos caídos", nome dado pela agência às companhias Baa3 (última nota antes do grau especulativo) com perspectiva negativa ou em revisão para rebaixamento, cinco empresas: AES Tietê, Bandeirante Energia, Espírito Santo Centrais Elétricas, Energest (do setor elétrico) e a construtora Odebrecht.
Em dezembro, eram Braskem, Eletrobras e Sabesp (a lista considera apenas companhias não financeiras)
Agora, o Brasil ocupa a primeira posição na lista, ao lado dos Estados Unidos, também com oito empresas.
"Os principais fatores para o aumento do número de empresas no Brasil foram as pressões macroeconômicas e as mudanças regulatórias, que resultaram em um ambiente de negócios mais desafiador", diz o relatório.
No caso da Odebrecht, a Moody's afirma que a empresa foi prejudicada também pela deterioração dos fundamentos do setor de engenharia e construção promovida pelos escândalos de corrupção na Petrobras.
A piora do cenário brasileiro fez com que a América Latina se tornasse a região com o maior número de empresas na lista de "potenciais anjos caídos", com 34% do total. Em seguida, vem a América do Norte, com 31%.
"É bastante significativo que a América Latina seja primeira da lista, porque o mercado de emissores na região é muito menor do que na América do Norte", disse o vice-presidente da Moody's Mark Stodden.
"Isso pode dificultar o acesso ao capital na região, especialmente estrangeiro, e a falta de investimento pode prejudicar ainda mais o crescimento econômico."
Rebaixadas
No primeiro trimestre, a agência de classificação de risco rebaixou a nota de dez empresas brasileiras --nem todas, no entanto, perderam o grau de investimento.
Entre elas, estão a Petrobras, as construtoras Andrade Gutierrez e Mendes Júnior e a Mega Energia.
"Suspeitas de corrupção e a consequente redução de liquidez relacionadas à Operação Lava Jato foram diretamente ou indiretamente responsáveis por cinco rebaixamentos", diz a Moody's.
A agência americana cita ainda a redução nos preços das commodities, a piora da economia, o aumento da inflação, a desvalorização do real e o risco de racionamento de água e energia como fatores que prejudicaram a nota de crédito das companhias brasileiras.
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