- Folha de S. Paulo
Além da entrega de mais ministérios ao PMDB, a reforma de Dilma Rousseff marca a volta de Lula ao Planalto. O ex-presidente continua em São Bernardo, mas passa a ter três aliados na cozinha do palácio: Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva.
Não é pouca coisa. A presidente passou o primeiro mandato tentando despejar os olheiros do ex. Concluiu a tarefa em janeiro, com a demissão de Gilberto Carvalho. Ao subir a rampa pela segunda vez, parecia livre da sombra do antecessor.
O grito de independência durou apenas nove meses. Com a cabeça a prêmio, Dilma teve que pedir socorro a Lula. Também foi obrigada a rebaixar o escudeiro Aloizio Mercadante, que acumulava trapalhadas na relação com o Congresso.
Wagner e Berzoini são mais hábeis, mas não farão milagres. O governo só voltará a respirar tranquilo se a presidente recuperar popularidade e a crise econômica arrefecer, o que ainda parece distante.
Lula também não é mais o mesmo. Perdeu a aura de intocável, virou alvo de protestos e está prestes a ser ouvido pela PF sobre o petrolão.
De qualquer forma, o retorno dos lulistas tende a fortalecer o governo para a batalha do impeachment, mesmo que enfraqueça a autoridade pessoal da presidente.
O outro efeito imediato da reforma será o deslocamento do debate político. Até a semana passada, o país parecia aprisionado a 2014, como se a disputa entre Dilma e Aécio Neves não tivesse terminado. Com Lula em campo, passa-se a discutir 2018.
Antecipar a próxima eleição é ruim para Dilma, mas ela não anda em condições de escolher.
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Do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio: "Enquanto não houver informações adequadas que comprovem o envolvimento de Eduardo Cunha, o PSDB vai manter sua posição de apoio ao presidente da Casa".
Em que planeta vive o deputado?
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