A existência de uma oposição forte e atuante é condição indispensável para a saúde da democracia. É também fundamental para obrigar o governo a rever posicionamentos e atitudes que contrariem os interesses da sociedade. No entanto, a oposição só cumprirá plenamente seu papel se for responsável, isto é, se – à parte a natural dedicação à luta política, própria de quem disputa o poder – contribuir para o desenvolvimento nacional, sem sabotar a formação de consensos para a solução de crises. Afinal, o opositor de hoje espera ser o governante de amanhã – e um opositor que prejudica sistematicamente o governo ou se aproveita de circunstâncias turbulentas apenas para extrair benefícios paroquiais mostra não apenas indiferença em relação ao país, mas também falta de inteligência. Infelizmente, é esse o caso da oposição no Brasil, hoje.
De um lado, tem-se um Congresso formado em parte por partidos que pouco representam e por parlamentares que formam blocos ao sabor de suas conveniências momentâneas, sempre à espreita de uma chance para sangrar o governo quando este coloca na pauta de votação projetos importantes. Esses partidos não apoiam o governo nem formam a oposição. São simplesmente oportunistas. Depois que a Câmara rejeitou a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer, alguns “aliados” do governo anunciaram que poderiam se bandear para a oposição em temas cruciais, como a reforma da Previdência, caso o Palácio do Planalto não cedesse a suas exigências, basicamente por cargos e verbas.
De outro lado, tem-se o PT, partido mais vistoso da oposição, que está, como sempre, inteiramente dedicado a destruir qualquer possibilidade de entendimento para a superação da violenta crise que, sempre é bom lembrar, foi obra dos presidentes petistas Lula da Silva e Dilma Rousseff. Sob a alegação de que o impeachment de Dilma Rousseff foi “golpe”, embora tenha seguido rigorosamente a Constituição, os petistas, com Lula da Silva à frente, entregaram-se de corpo e alma à tarefa de denunciar como ilegítimo cada ato do governo, mesmo que seja claramente benéfico para o País. Confunde-se assim a opinião pública e exaurem-se as forças nacionais em uma altercação estéril, que só interessa aos projetos de poder do sr. Lula da Silva.
O padrão do embuste petista é sempre o mesmo. Depois que o governo anunciou a intenção de privatizar a Eletrobrás, por exemplo, a presidente cassada foi às redes sociais para dizer que “vender a Eletrobrás é abrir mão da segurança energética” e que “o consumidor vai pagar uma conta de luz estratosférica por uma energia que não terá fornecimento garantido”. Chega a ser exasperante ter de confrontar tamanha empulhação, em especial vinda da responsável direta pela quebra do setor elétrico no País, desde quando era ministra de Minas e Energia.
Mas Dilma foi além, e escreveu que o governo resolveu privatizar a Eletrobrás movido por “desespero para fazer caixa e tentar diminuir o impacto de um dos maiores rombos fiscais da nossa história contemporânea, produzido por um governo que prometia resolver o déficit por meio de um surto de confiança que não veio e um passe de mágica que não produziu”. Quando Dilma vem a público atribuir a terceiros o rombo fiscal que ela mesma criou – e cujo governo maquiou, configurando o crime de responsabilidade que afinal lhe custou o cargo –, é porque não há mesmo limites para a desfaçatez petista.
Esse tipo de oposição, de tão ominosa, acaba tendo o efeito colateral de legitimar qualquer ato do governo de Michel Temer, mesmo aqueles que poderiam ser questionados em um debate mais aprofundado – algo que é próprio das boas democracias. Afinal, quando se tem, de um lado, um presidente que decidiu correr os riscos de encaminhar as reformas necessárias para o País e, de outro, um bando de irresponsáveis e de oportunistas que não têm freios morais em sua tentativa de impedi-lo, não é difícil concluir de que lado se deve estar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário