- Folha de S. Paulo
Bastou que o calendário marcasse 2018 para que as ambições eleitorais voltassem a abalar a instável parceria entre Michel Temer, Rodrigo Maia e Henrique Meirelles. A disputa do trio pelo comando da pauta econômica se acirrou na última semana e ameaça colocar em risco essa própria agenda.
O presidente, o chefe da Câmara e o ministro da Fazenda operam há meses sob desconfiança multilateral, mas ainda assim foram capazes de atuar em conjunto para aprovar medidas como a reforma trabalhista e a recuperação fiscal dos Estados.
Nos primeiros dias do ano, porém, o som da urna eletrônica parece ter encantado a trinca, que pretende se escorar no relativo sucesso da estabilização da economia para construir candidaturas presidenciais ou exercer influência sobre a campanha.
A rivalidade aprofundou o antagonismo entre Temer, Maia e Meirelles em temas como a privatização da Eletrobras, a reforma da Previdência e as mudanças na "regra de ouro" -que impede a emissão de dívidas em volume maior que os investimentos.
O debate sobre a pauta econômica esfria enquanto o trio abre uma competição despudorada pelos holofotes nos momentos de boas notícias e se esquiva de responsabilidade nas situações adversas.
Temer driblou Meirelles na quarta-feira (10) e convocou uma reunião cenográfica com a equipe econômica apenas para, diante da imprensa, tirar proveito do baixo índice de inflação registrado do ano passado.
No dia seguinte, quando a Standard & Poor's rebaixou a nota de crédito do país, o Planalto ficou em silêncio, a Fazenda culpou a Câmara pela dificuldade em aprovar a pauta do ajuste e Maia lamentou que Meirelles agisse "como candidato".
Os três intensificaram seus movimentos porque só um poderá ostentar o discurso do resgate da economia na campanha. O problema é que, nessa batalha, podem comprometer a agenda de que necessitam para viabilizar seus projetos políticos.
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