Falta à ex-senadora máquina que consiga tirar eleitor de casa no dia da eleição
Pela terceira vez seguida, Marina Silva (Rede) chega à disputa presidencial como potencial refúgio do eleitor desiludido. O desencanto recorde com a política deveria catapultar as chances da ex-senadora, mas a configuração peculiar da corrida deste ano cria alguns obstáculos em seu caminho.
Marina é a favorita de eleitores desatentos ou desanimados, de acordo com as pesquisas da pré-campanha. Quase metade dos brasileiros ainda não consegue apontar, de cabeça, seu candidato nesta disputa. Quando o Datafolha apresenta uma lista de nomes, Marina atrai quase 20% dos votos desse segmento.
A ex-senadora também consegue conquistar, no segundo turno, uma fatia razoável de eleitores que dizem votar em branco ou nulo no primeiro. Em confronto direto com Jair Bolsonaro (PSL), ela absorveria 30% dos votos desse grupo, contra 12% do deputado. Outros 57% continuariam sem escolher ninguém.
Marina se beneficia de oito anos de um discurso de oposição à política tradicional —o que a transformou em uma opção aceitável até para eleitores desesperançosos.
Com essa mensagem, a ex-senadora encontrou uma terceira via entre as fortalezas do PT e do PSDB em 2010 e 2014. Seu desafio será descobrir um novo caminho. A três meses da eleição, não há nenhuma polarização nítida, e o selo da antipolítica parece colar também em outros candidatos, incluindo Bolsonaro.
O maior empecilho de Marina será, mais uma vez, a inexistência de uma estrutura partidária robusta. Embora apareça bem posicionada nas pesquisas, falta à ex-senadora uma máquina de mobilização capaz de tirar de casa os eleitores desencantados no dia da votação.
Marina não tem uma torcida organizada, como Bolsonaro, e não conta com uma rede de partidos e candidatos a deputado que despejarão dinheiro na campanha para conquistar votos, levando-a de carona. Para se tornar competitiva, a ex-senadora precisa ser mais do que a segunda opção do eleitor frustrado.
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