- Blog do Noblat / Veja
Ninguém amordaça um presidente
Há poucos dias, líderes de partidos e gente do governo cobrava do presidente Jair Bolsonaro um maior engajamento na defesa da reforma da Previdência, mas não só. Sem o capital político acumulado por ele, sem sua participação direta na negociação com o Congresso, seriam poucas as chances de a reforma ser aprovada.
Agora querem o contrário. A declarações infelizes ou que possam atrapalhar a condução do governo, preferem que Bolsonaro se cale ou que fale bem pouco, e sempre monitorado pelos que entendem dos assuntos. Com frequência, já é isso o que acontece. Bolsonaro está sempre rodeado por pessoas atentas a tudo o que ele fala.
Difícil que dê certo. Ninguém amordaça um presidente. A não ser que ele prefira o silêncio. Esse não parece ser o caso de Bolsonaro. Das vezes que foi hospitalizado, ele não abandonou as redes sociais. Em discurso no Congresso, exaltou a importância da comunicação direta dos governantes com os governados.
Imaginou-se que não daria palpites na Economia e na Segurança Pública onde alocou ministros tidos como insubstituíveis – Paulo Guedes e Sérgio Moro, respectivamente. Que nada! O que disse sobre a reforma da Previdência só serviu para enfraquecê-la. Moro é um ministro ladeira a baixo.
“Ninguém governa governador”, ensinou nos anos 50 do século passado Agamenon Magalhães, governador de Pernambuco. Quanto mais presidente.
A última do pai dos garotos
Carlos com a bola toda
O presidente Jair Bolsonaro, que nos últimos quatro dias havia desaparecido das redes sociais, quebrou o silêncio para fazer mais uma declaração pública de amor pelo filho Carlos Bolsonaro, o 03.
E foi logo avisando: “Estando ou não [Carlos] em Brasília”, ele continuará ouvindo suas sugestões não por ser um filho que criou, mas por ser também alguém que ele “aprendeu a admirar e respeitar”.
Na última quinta-feira, durante um café da manhã com jornalistas selecionados por ele, Bolsonaro havia dito que nenhum dos seus filhos “manda no governo, não existe isso”.
Desde então Carlos apanhou muito nas redes. A declaração do pai foi lida como uma espécie de chega pra lá no filho que dá palpites em tudo, e que é o mais influente deles.
Bolsonaro sentiu-se obrigado a sair em defesa de Carlos, dirigindo-se aos “muitos que nada ou nunca fizeram [nada] pelo Brasil”, e que, no entanto, querem afastar pai e filho. Não conseguirão, pois.
Talvez ocorra o oposto. Como informou a VEJA, Bolsonaro e Carlos já conversaram pelo menos uma vez sobre a ideia de o filho renunciar ao mandato de vereador no Rio para ficar com o pai em Brasília.
Será encrenca na certa. É o que os militares mais temem. Se à distância Carlos já se mete em assuntos do governo e faz a cabeça do pai, imagine se puder se dedicar unicamente a isso.
Segundo o jornal O Globo, das 500 mensagens postadas por Carlos no Twitter entre 15 de dezembro e 15 de fevereiro, 72,2% foram ataques. Elogios, apenas 8,8%. O belicoso está em plena forma.
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