Não sei quem teve a brilhante ideia de tentar apaziguar o clima de ódio desencadeado no campo da política, sugerindo aos dois potenciais candidatos à eleição para Presidente da República, em 2026, saírem do caminho. Ambos já ocuparam o cargo, gozam dos privilégios de serem "exs", já aquinhoaram, com benesses do Estado , familiares , amigos e correligionários e, nenhum dos dois fez uma gestão presidencial que os capacite à retornar. Seria um exagero, e até um abuso da ingenuidade popular. Ambiguamente gozam de grande popularidade, mas também de uma enorme rejeição pública. Alimentam-se desse furor marquetólógico , travando falsas batalhas, escondendo ou camuflando verdades com versões convenientes. Os dois são fortes candidatos a serem derrotados nas próximas eleições. E a culpa não seria do "centrão". É deles mesmos.Ambos defendem teses pessoais . Nenhum , nem outro tem projeto de governo , capaz despertar a confiança unânime da população. Nas preliminares, enquanto um tentou introduzir um padrão de caserna na educação ; o outro não consegue se livrar do obsoleto modelo sindicalista, cujos interesses de classe sustentou - pasme-se - o regime mussolinista na Itália. O Brasil virou um laboratório para a História.
Embora tenha desempenhado três a quatro mandatos no Congresso Nacional , Bolsonaro sempre foi considerado um "destemperado". No Exército, de onde veio, chegou a ser desligado, por indisciplina. Lula, sem experiência política ou de gestão, senão como líder sindical, vem tentando emplacar seu "modelito" para a política nacional, deslizando entre o desfrute pessoal das regalias disponibilizadas pelo Poder Público, uma visão sindical e uma revanche contra os que lhe condenaram à prisão . Não chegou ainda aos seus limites, passa perto. Tem se pautado pelos conselhos dos ex-advogados particulares, de lideranças militantes de esquerda defasadas e de professores, diplomatas que, na penumbra do Estado, guiam os cidadãos para mundos, parcerias e situações rupturais, envolvendo em vias, de fato, "nunca antes navegadas", toda Nação .
Enquanto isso, Bolsonaro fica aí remando nas controvérsias criadas pelo Partido do Governo, que estimula, com atitudes e falas odientas a visibilidade pública de ambos. Ninguém confia nas suas ações afirmativas , amparadas, no caso da atual gestão presidencial, no tal de PAC- Programa de Ação Concentrada, que se propõe a impulsionar o crescimento econômico, usando o dinheiro dos outros, aumentar o emprego e melhorar as condições de vida da população. Inflação e juros estão lá em cima. Até agora só se viu uma gastança generalizada, sem "tetos", com conotações aparentemente eleitoreiras, e a redistribuição do Tesouro público com "bolsas", em dinheiro vivo, para todo lado . Cheio de contradições, para resolver os problemas de saúde aconselha a população a procurar os serviços do SUS, mas frequenta mesmo é o o Hospital Sírio- Libanês, um dos mais caros do País , evitando o INSS (que paga) e o Instituto Einstein, este último de origem israelita.
Estou terminando de ler aqui o livro do jornalista Larry Rohter "Deu no NewYork Times" (Objetiva, 2007), uma obra seminal sobre o personagem. Norte-americano, casado com uma brasileira, foi designado em 1978 como correspondente no Brasil. Assistiu de perto a ascensão do novo líder sindical . "Era pessoalmente simpático às muitas das suas aspirações" . Depois trabalhou foi vários países do mundo, inclusive no México e na China, mas, de longe, acompanhava as performances de Lula. Encontrou-o, pela última vez, em El Salvador (1996), numa reunião do Foro de São Paulo. Ao retornar ao seu trabalho no Brasil, uma única reportagem, cujas fontes estavam dentro do próprio Palácio do Planalto, passou perto de ser vítima de um decreto de expulsão , que teve de ser revogado porque o seu jornal, considerado o mais influente do mundo, não embarcou na versão oficial do Planalto.
- "Fiquei puto, porque como pode um cidadão que nunca conversou comigo, que nunca tomou um copo de cerveja comigo , que nunca tomou um copo de água comigo, ( "tomei Fanta Laranja") fazer uma matéria dizendo que eu bebia?!"(Pág. 162).Para Rother foi a pá de cal na crença do que Lula falava . Não só encontrara-se várias vezes com Lula, no Brasil e no exterior, com tinha fontes dentro do Partido dos Trabalhadores e do próprio gabinete presidencial."...Como muito do que Lula disse sobre tantas coisas ao longo dos anos, ele - concluiu : ... ele não é correto"(idem). Por causa da matéria, Rother chegou a ser chamado pelos "coleguinhas" da imprensa brasileira de "espião". Nesse momento, Bolsonaro era ainda uma figura nas sombras, meio escatológica.
Portanto, embora Lula, pouco simpático à leitura e à educação, pretenda reescrever a história do Brasil , é um criador convicto e contumaz de narrativas controversas para as realidades vividas pelo incomodado povo brasileiro . No tempo, foi aconselhado pelos Kirchners, da Argentina, e conselheiro de Maduro, da Venezuela. Parece simpatizar-se com a transgressão. A seu modo, ameaça vagamente "corruptos" e marginais, ao enunciar versões e conceitos que apenas tangenciam os fatos, desviando a atenção dos cidadãos sobre os acontecimentos e os escândalos verdadeiros no coração do Estado . Bolsonaro também tentou fazer isso, mas não conseguiu gerir o governo e, sobretudo, as versões dos fatos, tratando-os com uma franqueza rude, iletrada e uma impaciência desbragada.
Ambos trabalham com estatísticas pouco confiáveis. O vice-presidente, Alkmin, embora tenha sido um governador de São Paulo reputado com um homem probo - a menos que alguém tenha informação contrária - abrigou-se nas "asas da graúna" (ave onívora, comum no Nordeste, da família Icteridae, conhecida por seu canto melodioso e vulnerável ao tráfico de animais silvestres, que come frutos, insetos e até aranhas. No Maranhão é chamado de "chupão". Ao ser cooptado para vice-´presidente da República, na chapa de Lula, conseguiu destruir o próprio partido de origem , o PSDB, que chegou a eleger , por duas vezes, um Presidente da República, governadores e milhares de prefeitos.
As pesquisas Qaest* - e institutos similares - confirmam as tendências eleitorais para 2026 revelando rejeições próximas de 60 por cento, tanto a Bolsonaro quanto a Lula . Os dois foram péssimos presidentes. Então não é só a Janja gastando, INSSsendo fraudado e a polícia baiana fazendo vistas grossas para violência no sertão, que alimentam a perda de credibilidade de Lula. Com 76 anos, saúde debilitada, ele devia repensar a suposta candidatura, levando Janja para conhecer a a chamada "Riviera Russa", que é muito bonita! Não arrisque a francesa...
O certo é que tanto Lula quanto Bolsonaro são fortes candidatos a perderem a próxima eleição. Não faltam quem possa derrotá-los: Tarcísio Freitas (SP), Ronaldo Caiado (Go), Ratinho (Pr), Eduardo Leite(RS), Henrique Campos (Pe). São nomes fortes, filiados a partidos representativos, e com belas passagens pelos respectivos governos regionais. Lula ou Bolsonaro novamente no Poder será um enorme retrocesso para a história do País. Se os ministros do Supremo Tribunal gostam de se meter em política, porque, primeiro não dão logo o aval para a proibição da reeleição, e não propõem ao Congresso o estabelecimento da obrigatoriedade dos candidatos a Presidência da República apresentarem, compulsoriamente, programas de Governo, no momento da inscrição eleitoral?!
* Jornalista, professor
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