Agência A Tarde
Biaggio Talento
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ITABUNA (BA) - Com duas horas de atraso e debaixo de chuva, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, realizou neste sábado uma caminhada na Avenida Centenário, centro comercial da cidade de Itabuna (sul da Bahia, a cerca de 400 quilômetros de Salvador). Com ele estavam o candidato ao governo do estado pelo DEM, Paulo Souto, o deputado federal ACM Neto, candidatos a deputado e cerca de 200 cabos eleitorais de PSDB, DEM e PPS, muitos portando cartazes, faixas e balões. Para participar do ato, eles receberam R$ 10 reais cada um.
Esta foi a primeira visita de Serra à Bahia depois de ter sua candidatura à Presidência homologada oficialmente. Ele passou uma hora cumprimentando pessoas, abraçando-as e tirando fotos, em meio a grande tumulto. O candidato também entrou várias vezes em lojas que começavam a fechar suas portas, no início da tarde deste sábado.
Durante a caminhada, o presidenciável 'botou o dedo' na principal ferida do estado: a questão da segurança pública. "Aqui na Bahia, o quadro de segurança tem piorado muito, e eu quero criar o Ministério da Segurança Pública precisamente para ter uma união nacional na luta pela segurança das famílias", afirmou.
Ele comentou, ainda, que a questão do contrabando de armas e drogas é uma tarefa exclusiva do governo federal.
Ele lembrou que Itabuna é a cidade de maior mortalidade de jovens pela violência urbana e classificou o problema como "crítico". Reforçou que criará um Ministério da Segurança e uma Força Nacional, "estável e permanente" para ajudar os estados a combater a violência.
- É preciso ter um fichário nacional de criminosos que, por incrível que pareça não existe - declarou, assinalando que o governo brasileiro não controla as fronteiras, principalmente a da Bolívia de onde vem, conforme o tucano, 80% da droga que entra no Brasil.
'Hoje em Ilhéus não tem tititi'
Segundo Serra o governo boliviano "não dá bola pra isso" e por essa razão pretende, se foreleito presidente, "fazer pressão diplomática "nos países que exportam cocaína pra cá". Foi o único momento em que ele se dispôs a tratar de temas nacionais. Quando indagado sobre as sucessivas burlas da lei eleitoral pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da oposição ferrenha que vem sofrendo das centrais sindicais ligadas à candidatura dapetista Dilma Rousseff, encerrou com uma frase: "hoje à tarde, aqui em Ilhéus, não tem tititi".
Serra passou o sábado entre Ilhéus e Itabuna, as duas principais cidades do sul da Bahia. Dos três grandes problemas que afetam a economia dos dois municípios, o precário aeroporto de Ilhéus, as dívidas dos cacauicultores e a estruturação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) o candidato do PSDB só quis se comprometer em resolver imediatamente, caso chegue ao Planalto, a questão do campo de pouso. Ele sentiu na pele o problema: devido às chuvas, seu avião não pode pousar em Ilhéus, só teve condições no aeroporto da Ilha de Comandatuba, a cerca de cem quilômetros.
- A situação do aeroporto é lamentável, deplorável, não sei pra que a Infraero, que cuida de aeroportos, existe, porque é um aeroporto (de Ilhéus) que não tem instrumentos, a pista precisa ser ampliada" - reclamou, logo após degustar alguns quibes no Bar Vesúvio, de Ilhéus, que o escritor Jorge Amado tornou famoso no romance "Gabriela, Cravo e Canela". Serra assinalou que "várias coisas que envolvem o turismo e a região, podem ser feitas logo, é barato. Isso sem dúvida nenhuma ajudaria o turismo e os negócios em geral". Ele qualificou de "inacreditável" o fato de um município como Ilhéus, pólo de turismo e de negócios ficar "sem comunicação aérea regular".
Por outro lado, deixou meio decepcionados os cacauicultores da região que vem sofrendo com as dívidas da lavoura desde que a praga "vassoura-de-bruxa" devastou os cacauais a partir de década de 1980. O tucano preferiu não fazer promessas irresponsáveis. "A questão do cacau, exige um tratamento mais sério. Não adianta eu vir aqui na véspera de eleição e falar: ta bom, eu vou resolver, tem tal promessa, vou fazer isso". Prometeu apenas "disposição de enfrentar o problema" encontrando uma "saída responsável". Salientou que a praga não é mais um problema já que se encontrou maneiras de evitá-la e que agora é preciso enfrentar a falta de capitalização dos produtores. "E isso a gente vai ter que enfrentar de forma responsável, construtiva, em parceria com o governo do Estado e os municípios", declarou, sem querer detalhar o que pretende fazer exatamente.
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