Horas após a divulgação do resultado ruim da indústria em janeiro deste ano e um dia depois da notícia do PIB fraco de 2011, o Banco Central decidiu acelerar o corte dos juros, reduzindo a taxa em 0,75 ponto.
A Selic, agora em 9,75% ao ano, não ficava abaixo de dois dígitos desde 2010.
Em janeiro, a indústria caiu 2,1%, pior resultado em três anos.
BC acelera corte dos juros para reanimar a economia
Banco Central reduz taxa básica para 9,75% e atende à expectativa de Dilma
PIB fraco em 2011 e tombo da indústria no início do ano ampliam pressão para adoção de estímulo doméstico
Sheila D’Amorim e Valdo cruz
BRASÍLIA - O Banco Central decidiu acelerar a redução dos juros para estimular a retomada da atividade econômica, que perdeu o fôlego no fim do ano e continua sofrendo com a crise mundial e a valorização do real em relação ao dólar.
O BC reduziu a taxa básica de juros da economia de 10,5% para 9,75% ao ano. Foi o quinto corte consecutivo desde agosto, quando o BC começou a diminuir os juros para reerguer a economia.
A decisão de cortar 0,75 ponto porcentual, e não 0,5 ponto como nas outras vezes, foi aprovada por 5 dos 7 diretores do BC que integram o Copom (Comitê de Política Monetária). Os outros dois votaram por 0,5 ponto.
O resultado atendeu às expectativas da presidente Dilma Rousseff, que contava com uma ação mais ousada do Banco Central diante da série de notícias ruins sobre a conjuntura econômica divulgadas nos últimos dias.
Na terça-feira, o IBGE informou que a economia brasileira cresceu apenas 2,7% no ano passado. Ontem, o instituto revelou que a produção da indústria nacional despencou 2,1% em janeiro.
O BC acredita que o cenário internacional permite manter a inflação sob controle mesmo com os estímulos ao mercado doméstico, que devem ser combinados com reduções de tributos e outras medidas prometidas pelo governo para o setor produtivo.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que o governo adotará medidas "toda semana" para estimular o crescimento, a indústria e as exportações.
"As dificuldades para a economia vão continuar, o que exige de nossa parte empenho maior e medidas mais amplas", disse. "Toda semana vamos tomando medidas para calibrar a economia."
O BC começou a reduzir os juros em agosto do ano passado, quando surpreendeu o mercado ao decidir cortar a taxa básica mesmo com a inflação muito acima da meta estabelecida pelo governo.
A inflação atingiu no ano passado 6,5%, limite superior da meta oficial. O BC promete reaproximá-la neste ano para o centro da meta, de 4,5%, mas a maioria dos analistas do mercado financeiro acha que ela deve chegar ao fim do ano mais perto de 5%.
Na lógica dos diretores do BC, se for preciso ajustar mais adiante o ritmo de crescimento para evitar pressões inflacionárias, será possível usar instrumentos alternativos como medidas de caráter regulatório para restringir a oferta de crédito nos bancos.
Isso permitiria conter a inflação sem precisar interromper a redução dos juros e abrindo caminho para que as taxas continuem caindo.
O fraco resultado do PIB em 2011 reforçou a percepção no governo de que a equipe econômica está no caminho certo por vários motivos.
O mais importante é que a redução dos juros ajuda a manter em alta o consumo das famílias, principal motor da atividade econômica nos últimos meses.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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