Uma das opções do PT – diante da mudança de cenário da disputa eleitoral paulistana de 2012 em face da inserção do ex-governador José Serra no páreo – foi antecipada numa entrevista ao Estadão, de anteontem, do líder do partido na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto, hoje muito próximo do ex-presidente Lula e um dos articuladores da frustrada aliança Kassab-Haddad. Abertura da matéria com a entrevista, intitulada “Temos de nos unir do lado de cá e procurar o PMDB”: “...Jilmar Tatto não faz rodeios: acha que seu partido corre o risco de perder a eleição na maior cidade do País, caso não se alie ao PMDB no primeiro turno. Ex-secretário municipal na gestão Marta Suplicy (2001-2004), ele teme a reedição do fiasco ocorrido há quase oito anos, quando o PT rejeitou o PMDB na chapa e foi derrotado”. Outros trechos da entrevista: “O PT precisa parar de brincar de fazer política. Se há um movimento de rearticulação das forças conservadoras do outro lado, temos de nos unir do lado de cá e procurar o PMDB”. “Eu defendo o PMDB para vice de Haddad, mas isso não pode ser colocado como pré-condição”. “Na avaliação de Tatto, que desistiu de disputar prévia no PT, o deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB, não é um nome ruim. Eu estou convencido de que o melhor é o PT na cabeça da chapa e o PMDB para vice; mas não pode ser pré-condição. Não podemos ser arrogantes”. Ou seja, Haddad poderia ser substituído por um peemedebista na liderança da chapa.
A tentativa de troca do prefeito Gilberto Kassab pelo PMDB como principal aliado da candidatura do exministro da Educação (que previ em 15 de fevereiro, ao tratar já da mudança de cenário, afirmando que a confirmação dela iria “reorientar Lula no sentido de forte pressão sobre Michel Temer”), essa tentativa constitui uma espécie de Plano B após a perda da parceria de Kassab. De alternativa ao grande papel a ele atribuído na estratégia lulista de divisão das forças de centro e conservadoras – dominantes na capital e no estado de São Paulo – para a conquista da primeira este ano e do controle do Palácio dos Bandeirantes em 2014, dois passos básicos da consolidação e do avanço do hegemonismo petista no país.
Tal tentativa, porém, foi logo rechaçada por Michel Temer. Para quem a candidatura própria de Gabriel Chalita é peça relevante da resistência da executiva nacional de seu partido ao hegemonismo petista no governo Dilma e, sobretudo, à planejada extensão dele ao Congresso. Peça que, por isso – mesma enfraquecida pela entrada de Serra na disputa, com prejuízo da expectativa inicial de contraposição ao PT no turno decisivo do pleito – deverá ser mantida no primeiro turno. Por outro lado, a proposta lulista de Jilmar Tatto foi de pronto contestada também pelo presidente do PT, Ruy Falcão, bem como por mais integrantes do grupo de José Dirceu, em nome do mesmo partidarismo petista que Lula ignorou na articulação da aliança Kassab- Haddad.
As demais opções de postura do PT no novo cenário político paulistano também se ligam à dimensão nacional desse cenário, exacerbada pela estratégia de Lula na montagem da campanha de Haddad. Uma delas centra-se na aposta de que ele consiga forçar o governador de Pernambuco e principal liderança do PSB, Eduardo Campos, a intervir na direção regional do partido para afastá-lo do governo Geraldo Alckmin e apoiar Haddad. Outra opção envolve diretamente o Palácio do Planalto: a substituição do ministro dilmista dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, por nome indicado pela direção do PR, como o do vereador de São Paulo Antônio Carlos Rodrigues, dirigente regional da legenda. E a essas opções se soma o aumento de pressão para a retirada da pré-candidatura, de Netinho, do PC do B, o que não terá nenhuma influência em favor do objetivo considerado essencial no Plano B – a divisão do majoritário eleitorado antipetista.
Quanto à candidatura de José Serra – que deverá vencer folgadamente a prévia do PSDB da qual participará e contar com ampla coligação tecida pelo governador Alckmin – seu grande problema à frente será o generalizado ataque dos adversários, não só do PT, de que mais uma vez usará o cargo de prefeito, se vitorioso (abandonando-o no exercício do mandato) como trampolim para disputar a presidência da República. Ataque que, se não receber contraposição consistente, poderá ter sérios danos eleitorais.
Jarbas de Holanda, jornalista
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