Presidente afirmou a aliados que pretende concorrer à reeleição e contar com o apoio do PSB
Jeferson Ribeiro
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff, em conversa com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse nesta quinta-feira, 18, que concorrerá à reeleição em 2014 e pediu apoio ao aliado socialista. As informações são segundo fontes do partido.
A conversa entre Dilma e Campos foi franca, e a presidente disse ao governador que compreende os movimentos do partido aliado, o crescimento eleitoral da legenda, mas que isso não interfere na relação com o governo, segundo relato de um dos socialistas ouvidos pela Reuters, que pediu anonimato.
Depois de fazer esse preâmbulo, Dilma disse ao aliado que concorrerá à reeleição e gostaria de continuar contando com o apoio do PSB, presidido por Campos. Essa disposição de Dilma foi confirmada à Reuters por outro socialista, que também pediu para não ter seu nome revelado e conversou com Campos depois do encontro com a presidente.
Desde que chegou à Presidência, Dilma nunca assumiu publicamente que concorreria à reeleição, mas ao dizer que será candidata a um aliado que pode ser seu adversário mostra que começou a montar a estratégia para a reeleição. Dentro do PT, no entanto, sempre se manteve a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentar retornar ao posto em 2014.
Ex-chefe de gabinete de Lula entre 2003 e 2010, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, já chegou a afirmar que o ex-presidente estava no "banco de reservas" e poderia ser convocado.
Depois de ouvir de Dilma sobre seus planos, Campos lembrou a longa parceira do PSB com o PT e disse que é legítimo o anseio de seu partido, diante do crescimento eleitoral, de vislumbrar a possibilidade de um projeto próprio de poder, segundo as fontes.
"Mas ele foi sincero e disse à presidente que o partido continuará sendo fiel à aliança, ajudará o governo a enfrentar as dificuldades, mas que sobre 2014 só deveriam tratar em 2014", disse uma das fontes ouvidas pela Reuters.
Na saída do encontro no Planalto, Campos usou o mesmo discurso de deixar 2014 para 2014 ao ser questionado por jornalistas, esquivando-se de falar sobre qualquer compromisso com uma aliança para a reeleição.
O nome de Campos para a disputa presidencial ganhou força após as eleições municipais em 2012, quando o PSB elegeu mais de 440 prefeitos e chegou ao comando de cinco capitais. Desde então, Dilma já se reuniu pelo menos quatro vezes com o governador pernambucano.
A conversa da segunda-feira foi marcada pela presidente, ainda durante suas férias na Bahia, período em que os dois também se encontraram.
Preferência do PMDB. Antes do desempenho acima do esperado nas eleições municipais, os socialistas articulavam para que Campos conseguisse ocupar o lugar de vice na chapa de Dilma em 2014, tirando o posto do PMDB. Essa articulação perdeu força depois do desempenho do PSB nas eleições municipais e do fortalecimento da aliança entre PT e PMDB no período eleitoral.
Dentro da atual aliança, o PMDB segue como parceiro preferencial, limitando um aumento de espaço do PSB no governo petista. A presidente vem mantendo reuniões mais regulares com o vice-presidente Michel Temer e com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), um movimento que também pode indicar a articulação de Dilma para 2014.
Horas antes do encontro com Campos, por exemplo, Dilma se reuniu com os dois peemedebistas. Temer teria inclusive incentivado a presidente a se manter próxima de Campos, segundo um integrante do PMDB que pediu anonimato.
Esse mesmo peemedebista disse, depois da conversa entre Dilma e Campos, que ela ainda não manifestou claramente a decisão de concorrer à reeleição a Temer, mas que desde o ano passado, depois das eleições municipais, tem manifestado o desejo de que em 2013 o governo comece a apresentar resultados e preencher sua vitrine com vistas a 2014. Nessas conversas, segundo esse peemedebista, Dilma não verbalizou, no entanto, que seria candidata.
A perspectiva de ter Campos como adversário na disputa pela Presidência em 2014 já faz com que petistas pensassem em um acordo em que o PT abriria mão de encabeçar a chapa em 2018, privilegiando Campos.
"Acho que vamos ter que fazer uma negociação forte com o PSB sobre as perspectivas de se manter dentro da (atual) aliança", disse um membro da cúpula do PT no ano passado, sob condição de anonimato.
Essa negociação, segundo a fonte, envolveria o apoio do PT a Campos para a Presidência em 2018, quando a presidente Dilma Rousseff completaria seu segundo mandato, se reeleita em 2014.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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