Era mais do que previsível que Dilma disparasse no Datafolha. Além dos méritos pessoais e da aprovação do governo, ela está todo dia no horário nobre, até ao lado do papa ou dizendo que "Deus é brasileiro". Não há quem resista.
Também era previsível que Marina Silva, a novidade de 2010, começasse a recuar para um patamar mais compatível com a sua expressão política e partidária. Pode sair menor de 2014 do que saiu de 2010.
O que não era previsto? Que Aécio Neves, do principal partido de oposição, caísse dois pontos, em vez de avançar. E que Eduardo Campos, por enquanto mero personagem de bastidor e de jornais (que não elegem ninguém), chegasse a 6%.
É pouco? A um ano e meio da eleição, é suficiente para mantê-lo em campo (sem trocadilho), gerando curiosidade e expectativa. Em março de 2009, Serra tinha 41% e Dilma, 11%. Estava "em construção", como Campos agora -mas sem Lula.
Enquanto começa a aparecer nas pesquisas, Campos arma seu jogo. A aproximação de José Serra é coisa de mestre, pois cria uma ponte para tucanos e para aliados que foram serristas em 2010, mas não atravessaram o Rubicão e viraram aecistas em 2014. (Note-se, aliás, que Serra não irá à pajelança dos tucanos paulistas para Aécio amanhã. Viajou.)
Se abre pontes na oposição, com PPS e dissidentes do PMDB, o movimento de Campos deixa no ar o mergulho de diferentes partidos nas águas de Dilma. A lista cresce: PTB, PDT, PR, PP. Nem ministério garante apoio desde já, só promessa.
Um fator importante de 2014 é o PSD. Há principalmente dilmistas no partido de Kassab, mas aumentam os simpatizantes de Campos. Daí adiarem o casamento de papel passado com o PT e Dilma.
Mas, se Dilma cresce e Marina e Aécio recuam, Campos não está tirando votos da favorita, apenas reposicionando a oposição. Pode alterar um eventual segundo turno, não ainda o resultado da eleição.
Fonte: Folha de S. Paulo
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