- Folha de S. Paulo
Nenhum dos três principais pré-candidatos ao Planalto conseguiu até agora capturar o espírito do tempo que se manifestou nas ruas desde o ano passado.
A presidente Dilma Rousseff tenta se apresentar como agente de mudanças, mesmo que o PT já esteja há 12 anos no poder. Na dúvida, amedrontará os beneficiários dos programas sociais --"votem em mim para que nada mude".
Os oposicionistas Eduardo Campos e Aécio Neves têm discursos parecidos. Dizem que é possível melhorar a gestão. Que o Brasil é mal administrado. Que uma nova política é necessária.
Ocorre que as alianças de Aécio e Campos são semelhantes às do PT --no plano nacional e nos Estados. Falam em reduzir a inflação sem listar uma só medida amarga para alcançar tal objetivo. Para piorar, querem os brasileiros votando apenas uma vez a cada cinco anos (hoje, vota-se a cada dois anos). Num momento em que os cidadãos desejam ser mais ouvidos, os candidatos de oposição caminham na direção contrária.
Há um ponto a favor de Aécio e Campos. Sabe-se o que eles pensam (ou não pensam) porque ambos estão se submetendo a uma bateria de entrevistas e seminários públicos. São escrutinados de maneira livre quase todos os dias.
Dilma Rousseff prefere o ar condicionado do Palácio do Planalto ou jantares no Alvorada. Nada de entrevistas regulares e gravadas com jornalistas. Debates eleitorais durante a campanha? Talvez, mas só se for com regras bem engessadas, na TV, sem se submeter ao contraditório. A petista tampouco parece propensa a enfrentar um debate na internet, no qual seria viável ter só os três principais candidatos --evento do qual ela participou em 2010.
Talvez este cenário se altere após a Copa. Caso contrário, haverá três candidatos pregando uma variável da máxima de Lampedusa: para mudar é preciso não mudar nada.
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