• Delcídio diz que foi ‘ escalado’ por Dilma e ex- presidente para barrar Lava- Jato
Colaboração de ex-líder do governo inclui gravação de conversa de Mercadante com assessor que indicaria uma tentativa de impedir acordo com a Justiça, com oferta de ajuda política e financeira. Presidente diz que iniciativa foi ‘ ação pessoal’
Ainda às voltas com os ecos das manifestações de domingo, o governo se viu ontem diante de outra crise de grandes proporções: a homologação da delação do senador Delcídio Amaral, que deixou ontem o PT. Em 21 sessões de depoimentos, ele fez denúncias contra governo e oposição. O MP Federal já decidiu pedir ao STF autorização para investigar o ministro Aloizio Mercadante (Educação), o ex- presidente Lula, o vice- presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB- MG). O ex-líder do governo acusou Mercadante de tentar obstruir as investigações da Lava- Jato ao procurar convencê- lo de não colaborar com a Justiça. Em conversa gravada por um assessor do senador, o ministro teria oferecido ajuda financeira e política para evitar a delação. A presidente Dilma chamou de “ação pessoal” a atitude de Mercadante. A Lauro Jardim, Delcídio disse ontem que foi “escalado” por Dilma e por Lula para barrar a Lava- Jato.
• Delação cai como bomba no Planalto, acirra crise, e envolve governo e oposição em suspeitas
André Souza, Eduardo Bresciani, Jailton de Carvalho e Vinicius Sassine - O Globo
- BRASÍLIA- Ainda sob o impacto das manifestações do último domingo, o governo Dilma Rousseff se viu ontem no centro da mais nova crise, causada pela divulgação da delação do senador Delcídio Amaral (sem partido), ex-líder do governo. O senador anexou à delação, formalizada em fevereiro, gravações de conversas de seu assessor José Eduardo Marzagão com o ministro Aloizio Mercadante (Educação). Nelas, o ministro oferece ajuda ao senador, que estava preso pela Lava- Jato, inclusive se propondo a fazer gestões no Senado e no Supremo. Os diálogos sugerem oferta de auxílio financeiro para pagamento de advogados em troca de que o ex-líder do governo não celebrasse o acordo com os investigadores. Marzagão disse ao GLOBO que achou “muito estranho” Mercadante chama-lo, em duas ocasiões, para falar sobre a situação do senador petista, já que o ministro “sempre foi desafeto” de Delcídio
Da presidente Dilma ao presidente do PSDB, Aécio Neves ( PSDB- MG), passando pelo ex- presidente Lula ( PT), pelo vice Michel Temer ( PMDB), pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros ( PMDB- AL), e da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDB- RJ), a delação de Delcídio, narra casos de corrupção e a ingerência política de governistas e opositores em assuntos do governo e do Congresso.
A metralhadora giratória do senador vai provocar a abertura de inquéritos no Supremo Tribunal Federal, a serem requisitados pelo MPF. Na homologação do acordo, o relator, ministro Teori Zavascki, cita trecho de parecer do MPF dando conta da extensão dos crimes narrados nos depoimentos: “Tal acordo foi firmado com a finalidade de obtenção de elementos de provas para o desvelamento dos agentes e partícipes responsáveis, estrutura hierárquica, divisão de tarefas e crimes praticados pelas organizações criminosas no âmbito do Palácio do Planalto, do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, do Ministério de Minas e Energia e da companhia Petrobras, entre outras”.
Em relação a Dilma, Delcídio relata conversa dela sobre a nomeação do ministro Marcelo Navarro para o Superior Tribunal de Justiça ( STJ), com um “compromisso” de ajudar na liberação de presos da Lava- Jato. Cita ainda recursos de propina para a campanha dela em 2010, e sugere que Dilma sabia de irregularidades na refinaria de Pasadena. Enquanto os detalhes da delação de Delcídio caíam como bomba, Dilma discutia à noite a nomeação de Lula para o Ministério.
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