Jair
Bolsonaro está com medo. O capitão sabe que a CPI da Covid pode se tornar uma
ameaça ao seu mandato. Por isso, descontrolou-se quando o Supremo mandou o
Senado instalar a comissão.
Na
sexta-feira, o presidente vociferou contra o ministro Luís Roberto Barroso.
Acusou-o de fazer “politicalha”, “militância” e “jogada casada” com a oposição.
Faltou dizer que o juiz se limitou a aplicar a lei.
Barroso
anotou que a comissão parlamentar de inquérito é um direito da minoria. O
Supremo reconheceu isso quando contrariou o governo Lula e determinou a
abertura das CPIs dos Bingos e do Apagão Aéreo.
No
sábado, Bolsonaro passou do protesto à conspiração. Em conversa com o senador
Jorge Kajuru, sugeriu retaliar a Corte com uma ofensiva para destituir ministros.
“Tem que fazer do limão uma limonada”, justificou.
No mesmo telefonema, ele disse que desejava “sair na porrada” com o senador Randolfe Rodrigues. Um presidente que ameaça bater no líder da oposição parece avacalhação demais até para o Brasil de 2021.
No
desespero, o governo ainda tentou desviar o foco da investigação para mirar em
governadores e prefeitos. A ideia esbarrou num detalhe: o Senado não pode
invadir o terreno de Assembleias e Câmaras. A comissão se limitará a apurar o
destino de repasses federais a estados e municípios.
Bolsonaro
sabe o que fez e deixou de fazer para que o Brasil se transformasse no
epicentro da pandemia. Agora a CPI poderá identificar suas digitais na falta de
vacinas, na sabotagem às medidas sanitárias e na morte de pacientes por falta
de oxigênio.
No
melhor cenário para o capitão, a investigação ampliará seu desgaste às vésperas
da campanha. No pior, ajudará a responsabilizá-lo criminalmente pelo
morticínio.
Ontem
o senador Fernando Collor escancarou os riscos que o presidente passou a
correr. “Temos que ter consciência do momento em que vivemos”, discursou. “Falo
isso como alguém que já passou e viveu episódios dramáticos da vida nacional.”
No caso dele, a CPI deu em impeachment.
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