sábado, 11 de novembro de 2023

Marco Antonio Villa - Saudades da Guerra Fria?

Revista IstoÉ

Foram pouco mais de quatro décadas de relativa tranquilidade, isto após duas guerras mundiais em trinta anos

A terceira década do século XXI tem apresentado profundas modificações na ordem internacional. Isto em todos os aspectos, especialmente no político e econômico. Os conflitos bélicos devem se transformar em uma rotina. Guerras localizadas, mas com reflexos econômicos imediatos e tensões que vão desenhando a nova configuração entre as potências atuais e as emergentes. O mundo multipolar enterrou de vez o ambiente da Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética mantiveram a paz entre as superpotências devido ao armamento nuclear que impediu um confronto direto. Contudo, ocorreram conflitos localizados, alguns de longa duração, como a Guerra do Vietnã. Por paradoxal que pareça, os dois países evitaram diversos confrontos utilizando-se do seu poder sobre seus aliados. Contiveram os mais exaltados e mantiveram rédea curta impedindo mais choques, especialmente no que à época se denominava Terceiro Mundo.

O cenário era de uma ordem alicerçada no medo de uma guerra nuclear. Foram pouco mais de quatro décadas de relativa tranquilidade, isto após duas guerras mundiais em apenas trinta anos. Frente à barbárie do século XX foi até vista, a Guerra Fria, como um momento pacífico, por mais estranho que pareça.

O fim da União Soviética deu aos Estados Unidos um poder mundial que nunca teve, especialmente nos anos 1990-2010. Foram duas décadas de domínio, de imposição de sua vontade imperial, vide, entre tantos exemplos, a invasão do Iraque.

O deslocamento do eixo econômico mais dinâmico do planeta para a região Ásia-Pacífico teve reflexos na geopolítica. Os países economicamente emergentes foram também se transformando em potências militares, como a China. A dualidade da Guerra Fria foi substituída por um mundo multipolar e muito mais instável, com potências regionais defendendo seu espaço de influência em relação às duas maiores economias do mundo: Estados Unidos e China. Esta última ainda não conseguiu na esfera militar mundial ter a mesma importância que na economia, entretanto tudo indica que esta passagem ocorrerá na próxima década.

A instabilidade vai marcar as relações internacionais. Nada indica que o período da Guerra Fria possa retornar. Vale recordar que neste período o Brasil teve as mais altas taxas de crescimento econômico. Esta é a questão: como vamos nos posicionar neste novo mundo? Este é o nosso grande desafio. A nossa elite, tanto a política, como a econômica, tem condições de enfrenta-lo? Com quais propostas?

Um comentário:

ADEMAR AMANCIO disse...

Eis as questões.