Folha de S. Paulo
STF perde a majestade com atos que minam sua
credibilidade junto à população
Enquanto se empenha no desmonte da
Operação Lava Jato, enquanto se ocupa do desígnio vocalizado pelo
então senador Romero Jucá em
2016 de que a "sangria"
precisava ser estancada, o Supremo Tribunal Federal faz sangrar sua
credibilidade junto aos brasileiros.
Não individualizo condutas, como seria esperado, pois elas são diferentes e caberia à instituição fazê-lo. Seja no exame colegiado de decisões monocráticas ou no reparo ao comportamento de magistrados alheios aos autos e/ou aos ditames da ética. Calam-se; os corretos consentem. É assim a vida.
Que o STF perde
a majestade só parecem ter dúvidas seus integrantes, que, ao serem de modo
condenável atacados nas
ruas e nas redes, cobram respeito sem se mostrarem respeitáveis. Se
a contestação ao papel supremo do tribunal é danosa para a democracia, ruinosas
são atitudes que dão margem à confrontação. Passa da hora de se pôr um fim a
tal embate, mas a iniciativa cabe a quem detém a prerrogativa constitucional de
falar por último sobre o que é legal ou ilegal no país.
Tal função requer comedimento, não se podendo
exigir o mesmo dos grosseiros por natureza. Não se criam em ambiente de
deferência à lógica, ao bom senso e ao porte moralmente elevado.
Ministros não fazem um favor a si mesmos
quando dão margem à interpretação de que estejam prestando favores a outrem ou
obtendo vantagens de cunho pessoal. Oferecem, antes, um desserviço à
coletividade, aliam-se ao espírito do tempo da má educação cívica quando o
ideal seria darem o exemplo oposto, visto que estão no topo.
Olham o panorama de cima, sem dar mostras de
perceberem o tamanho da erosão sofrida na sociedade e do quanto esse desgaste
por ser nocivo para a imprescindível confiança nas instituições.
Na disseminação da descrença viceja o entusiasmo pela anormalidade barulhenta
que confere ao autoritarismo a chance de sugerir aos incautos a pior das
soluções.
2 comentários:
Muito bom!
Sei.
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