segunda-feira, 30 de junho de 2008

EM DEFESA DA DEMOCRATIZAÇÃO PROGRESSIVA


EM DEFESA DA DEMOCRATIZAÇÃO PROGRESSIVA
Gilvan Cavalcanti de Melo


Diferente da idéia de um partido que deseje conformar a sociedade a si mesmo’
(Gramsci)


Não é fácil. Olhar cenário político através do diálogo virtual é mais difícil. Mas, me deixa uma sensação que perdemos a batalha das idéias na defesa das melhores tradições da cultura democrática, pecebista, inovadora. Observo muitas mensagens de militantes e dirigentes do PPS, que, inclusive, se autodenominam herdeiros dessa tradição, fazem opção de voto, nas próximas eleições, de primeiro de outubro, recusam, sob argumentos e matizes distintos, a política de coalizão e alianças. Exclui, exatamente, o núcleo forte daquela política. Recusa em nome de quê?
Do purismo? Do anticonservadorismo? Do antielitismo? Do exclusivismo? Do corporativismo partidário? Ou do “revolucionarismo”?

Mas, o que diz a experiência concreta? A história é política e filosofia. E ela já demonstrou que a progressiva democratização do Estado ocorreu, justamente, quando prevalecia uma política ampla, generosa, - reformismo pluriclassista, gradualismo forte. Quando essa concepção era excluída ou derrotada, predominava, com força, o prussianismo da modernização ou ‘revolução passiva’.

Os exemplos e as lições aliancistas, seus êxitos e erros, do passado podem ensinar – não copiá-los ou reproduzi-los, no presente. Quais ensinamentos posso extrair dos seguintes períodos históricos frentistas: a) bloco operário-camponês dos anos 1920; b) a frente única da aliança nacional libertadora (1934-1935); c) os comitês de ação em 1943; d) a aliança do fim do Estado Novo; e) política de frente única contra o golpismo pós 1954 (hoje, 52 anos do suicídio de Vargas); f) frente democrática e nacionalista no pré 1964; g) frente democrática na época da ditadura militar; h) aliança centro-esquerda (PMDB/PFL/PCB e outros) na transição dos anos 1980 (diretas, já!, constituinte); i) frente impeachment de Collor e coalizão governo Itamar.

O que tem isso, acima, a ver com as eleições? Ora, me vem logo na memória, uma expressão de Marx que diz: “Os homens fazem sua história, mas não a fazem como querem; não a fazem sob as circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado”. E, mais dizia: “A sociedade não se põe tarefas cuja solução já não existam as condições necessárias”. Vejo, então, que herdei um processo de democratização longo, com períodos autoritários. Desejo aprofundar essa democracia progressiva, representativa. E me inquieta e muito quando há tentativas de desmoralizar suas instituições, os partidos, a política.
Preocupa-me muito quando não há uma resistência, na mesma proporção. E, mais, ainda, tenho um forte sentimento que o governo Lula contribuiu muito para essa desmobilização democrática, para a quebra dos valores e princípios éticos e para apatia da população. É evidente que há coisas, processos que são irreversíveis, exemplo: o parlamento brasileiro.

Por isso, nesta eleição, estou convicto que há ‘condições necessárias’ de derrotar o projeto antipolítica do lulismo: essa é a grande política. Evidente, que não posso ficar de acordo com a expressão conformista do filosofo Hobbes: “deve-se preferir o presente, defendê-lo”. No caso, estaria negando a minha tradição de “reformismo forte”: conhecer o real, interpretá-lo e transformá-lo.



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