quinta-feira, 2 de julho de 2009

FH defende inflação de 4% e critica Lula por meta fixada para ano eleitoral

Flávio Freire
DEU EM O GLOBO
Ex-presidente diz que gastos previstos são problema para o governo

SÃO PAULO. Em meio às comemorações dos 15 anos do Plano Real, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o governo não reduz a meta de inflação devido ao momento pré-eleitoral. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não gosta de “ir contra a onda” quando confirma a meta de 4,5% para 2010 e fixa o mesmo percentual para 2011, quando, na sua opinião, haveria espaço para corte de meio ponto percentual.

— A meta de inflação é questão de governo. Daria para ir para 4%, mas é ano eleitoral e o governo não quer enfrentamento.

O governo do presidente Lula surfa a onda, então, ele não gosta de ir contra a onda — disse Fernando Henrique, em entrevista à rádio CBN.

Para o ex-presidente, o governo terá dificuldade em conter a alta da carga tributária em razão dos gastos previstos.

— Chegou um ponto que não precisa mais aumentar a carga.

Mas não sei o que vai acontecer, já que o governo tem gastos grandes para o futuro. Como o governo vai segurar isso? — indagou, admitindo não ter tido outra solução no seu governo a não ser aumentar tributos. — O grande tributo que existia era a inflação. O governo tinha que se financiar e fez de forma inadequada, mas não tínhamos outro meio a não ser aumentando contribuições.

Foi uma emergência.

Sobre a crise global, Fernando Henrique ressaltou que o país não teria força política e econômica para enfrentá-la não fosse o Real.

— Se o Plano Real não tivesse sucesso, o Brasil não teria condições de enfrentar tantas coisas ruins — disse, lembrando da época da implantação da nova moeda. — Quando houve a estabilidade, o real se valorizou muito. Parecia formidável para o povo o real valer mais que o dólar, mas aí complicou. Houve vários momentos de dificuldade, mas até hoje a moeda está firme. A inflação é ainda alta, mas está sob controle.

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