quinta-feira, 2 de julho de 2009

Desemprego entre jovens cresceu 51%

Geralda Doca
DEU EM O GLOBO

OIT revela que, em 14 anos, desocupação saltou de 11,9% para 18%

BRASÍLIA. A taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos cresceu 51% — de 11,9% para 18% — entre 1992 e 2006 no Brasil, evidenciando a ineficácia das políticas públicas existentes para aumentar as oportunidades dos brasileiros desta faixa etária. O alerta foi dado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que divulgou ontem estudo no qual aponta ainda que 60,5% da juventude economicamente ativa estão ocupadas em atividades informais.

O patamar é 10 pontos percentuais acima do indicador para a população em geral.

O Brasil tem 34,7 milhões de jovens entre 15 e 24 anos. Destes, 22,2 milhões são economicamente ativos — ou seja, estão empregados ou procuram uma vaga. Para a OIT, é alarmante que 3,9 milhões deles estejam desempregados e outros 11 milhões, ocupados no setor informal, sem carteira assinada.

Pelo estudo, o emprego precário é uma realidade de 67,1% dos jovens que precisam trabalhar (indicador que a OIT chama de déficit de emprego formal).

Para OIT, faltam políticas efetivas para os jovens

Além disso, o levantamento chama a atenção para a perpetuação das desigualdades brasileiras na nova geração que chega ao mercado de trabalho.

O déficit de emprego formal sobe para 70,1% quando se consideram as mulheres entre 15 e 24 anos e para 74,7% quando o recorte é para a população negra.

Nesta faixa etária, o déficit dos homens é de 65,6% e o dos brancos, 59,6%.

Para a diretora do escritório da organização no Brasil, Laís Abramo, apesar dos avanços, como o aumento dos anos de estudo entre esse segmento da população, ainda faltam no país ações efetivas para enfrentar o desemprego entre os jovens.

— Não bastam políticas voltadas apenas ao mercado de trabalho, é necessário integrar ações nas áreas da saúde e da educação — disse, citando como exemplos jovens que são mães precoces e não têm acesso a creches e escola.

Ela disse que não houve mudanças significativas neste quadro em 2007 e 2008 e avaliou que a crise financeira deverá agravar ainda mais o cenário. Lais criticou o discurso de que o problema é a falta de qualificação: — Aceitar isso é transferir o problema para os jovens. É preciso avaliar melhor os efeitos dos programas existentes para obter resultados mais eficientes.

Buscar, por exemplo, harmonizar a demanda do setor produtivo e os cursos oferecidos.

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