DEU EM GLOBO
“Vejo um bando aí falando de aborto. Aposto que vários fizeram no mínimo dois ou três. ”
(Lula, reunido com governadores)
“Vejo um bando aí falando de aborto. Aposto que vários fizeram no mínimo dois ou três. ”
(Lula, reunido com governadores)
Dilma Rousseff estava tão convencida da vitória no primeiro turno que, na sexta-feira, dia 1o concordou em posar para fotos especiais a serem divulgadas a partir da noite do domingo, dia 3, tão logo sua eleição fosse proclamada. Nada mais natural que as fotos refletissem a condição de candidata eleita. De outra forma, não fariam sentido.
E assim foi. Cada fotógrafo admitido em sua casa, no Lago Sul de Brasília, teve o tempo cronometrado para se desincumbir rapidinho da missão. O fotógrafo Roberto Castro só pôde dispor de um minuto e quinze segundos para produzir a imagem de capa da revista IstoÉ Dinheiro.Dilma posou enrolada na bandeira nacional.
Outra revista cobrou de Dilma que posasse com a faixa de presidente. Não a que Lula usa em momentos de gala.Seria um abuso. Mas com uma cópia da faixa, providenciada para aquele momento. Aí... Bem, aí um funcionário graduado da revista jura que a foto foi feita. A direção da revista nega com veemência.
Se, por acaso, Dilma tivesse se deixado enlaçar por uma réplica da faixa presidencial, correria o perigo de superar de longe o vexame protagonizado em 1985 por Fernando Henrique Cardoso, candidato a prefeito de São Paulo que enfrentou o ex-presidente Jânio Quadros. A 72 horas da eleição, as pesquisas o apontavam como prefeito eleito.
Fernando Henrique topou sentar na cadeira de prefeito e posar para fotos a pedido da Veja e da Folha de S.Paulo. Mas impôs a condição óbvia: as fotos deveriam ser destruídas caso ele não se elegesse. Jânio ganhou. Mesmo assim, uma das fotos comprometedoras acabou sendo publicada.
Há uma porção de coisas que mesmo os políticos mais descolados não conseguem aprender. Uma: eleição só pode ser celebrada quando as urnas vomitam os últimos votos. Roseana Sarney (PMDB), governadora do Maranhão, por exemplo, se reelegeu com 50,08% dos votos válidos.
Arthur Virgílio (PSDB) foi tido como dono da segunda vaga de senador pelo Amazonas até a véspera do dia da eleição. A primeira vaga seria do ex-governador Eduardo Braga (PMDB). Por uma diferença de 28.580 votos, num total de 2.940.331 votos válidos, Arthur perdeu o lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB).
O valor relativo das pesquisas de intenções de voto só é levado em conta por políticos em desvantagem. São esses que repetem o mantra de que pesquisa só vale se feita no dia da eleição. Às vezes, nem pesquisa de boca de urna vale tanto. A do Ibope conferiu a Dilma muito mais votos do que ela teve.
Quase todos os políticos parecem ter faltado à aula sobre os verdadeiros limites do marketing político. A maioria pensa que o marketing opera milagres. Uma vez que se contrate um craque no assunto, basta fazer o que ele recomenda para ao cabo se dar bem. Marqueteiro não é Deus.
O baiano João Santana Filho, que comandou a campanha vitoriosa de Lula em 2006, foi escalado para tocar a de Dilma. A se considerar a fragilidade eleitoral da candidata, e sua pouca disposição para interagir com estranhos, João fez o que lhe coube de maneira inteligente, criativa e primorosa.
Protegeu Dilma ao máximo. Arranjou-lhe um púlpito para que falasse a jornalistas a prudente distância. Compensou a incapacidade da candidata de transmitir emoção com depoimentos emocionantes de cidadãos e de atores que embelezaram o programa de propaganda na TV. Foi exaltado como um mágico bem-sucedido até o último sábado.
Da noite do domingo para cá, está sob pressão para que mude o que deu certo. Joga o púlpito no lixo, João, afinal ele reforça a imagem de antipatia de Dilma! Politiza mais o programa, João, não destaque apenas a realização de obras. Empurra Dilma para o meio do povo, João, e entrega a Deus!
Pobre João! A candidata, os que a cercam e o PT comportamse desde o domingo dia 3 como se tivessem sido derrotados. Ou como se temessem uma derrota inevitável. A continuarem assim, arriscam-se, de fato, a perder.
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