domingo, 3 de julho de 2011

Governador do Rio infla PSD para ampliar base

Cabral tenta esvaziar oposição ao incentivar migração para nova sigla

Expectativa é de que novo partido atraia oito dos nove deputados do PR, do ex-governador Anthony Garotinho

Rodrigo Rötzsch

RIO - Reeleito com o apoio de uma coalizão de 16 partidos, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), pretende esvaziar ainda mais a oposição no Estado com a ajuda do PSD, que está sendo organizado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

O governo Cabral está incentivando deputados do PR do ex-governador do Rio Anthony Garotinho a engrossarem as fileiras do PSD, que vai aderir à base governista.

Quando a criação do PSD for formalizada, 8 dos 9 deputados do PR devem migrar para o novo partido, restando apenas a filha do Garotinho, Clarissa, na oposição.

O PSD abrigará ainda a única deputada do DEM, Graça Pereira. Com isso, se tornará a 3ª maior bancada da Assembleia Legislativa, atrás de PMDB (12 deputados) e PDT (11), e à frente do PT (6), hoje o principal parceiro na coalizão de Cabral.

A adesão elevaria a bancada governista na Assembleia dos atuais 49 para 58 deputados, de um total de 70.

O apoio do PMDB à ida de quadros insatisfeitos em suas siglas para o PSD não se limita à Assembleia Legislativa. O partido chegou a assediar publicamente a vereadora tucana e presidente do Flamengo Patricia Amorim.

Agora, admite a possibilidade de que ela migre para o PSD como forma de evitar que o PSDB tente reaver seu mandato na Justiça.

Patricia foi citada pelo presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, como potencial candidata a vice-prefeita na chapa à reeleição do prefeito do Rio, Eduardo Paes.

A brecha pró-PSD pode se estender até a aliados: o secretário estadual de Trabalho e Renda, Sergio Zveiter (PDT), cogita concorrer à Prefeitura de Niterói em 2012, mas esbarra no prefeito e correligionário Jorge Roberto Silveira, que quer a reeleição.

As negociações entre PMDB e PSD incluem secretarias tanto no governo estadual quanto na Prefeitura do Rio para o PSD. Entre os nomes cotados para ocupar um cargo está o de Indio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa derrotada de José Serra (PSDB) e principal articulador do PSD no Rio.

Em troca da entrada do PSD no governo, Indio desistiria de sua intenção de concorrer à Prefeitura do Rio no ano que vem, elevando as chances de reeleição de Paes.

As negociações entre PMDB e PSD ainda não estão concluídas e esfriaram após a crise dos bombeiros, mas os dois lados esperam um acordo antes da criação formal do partido, que deve acontecer até setembro.

O partido de Cabral descarta apenas incentivar a ida de nomes do próprio PMDB para o partido de Indio.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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