País só perde para China e EUA como atração para os executivos, mas presidente Dilma não aproveita
Se tivesse confirmado presença no tradicional Fórum de Davos, convite que chegou a aceitar em princípio, o Brasil de Dilma Rousseff ocuparia uma posição até melhor do que o ilusório sexto posto no ranking econômico mundial: estaria no pódio, como o terceiro país considerado mais importante para o crescimento das companhias globais, conforme pesquisa a ser divulgada hoje nessa cidadezinha suíça de 13 mil habitantes que, faz 41 janeiros, abriga a elite mundial dos negócios, do governo e da academia.
Com 15% das indicações de executivos de grosso calibre, o Brasil só fica atrás dos suspeitos usuais: a China (30%) e os Estados Unidos (22%). Ganha até da Alemanha.
Detalhe relevante: os executivos consultados (1.258, de 60 países) não podiam apontar o seu próprio país como o queridinho para o crescimento das companhias.
Os brasileiros, portanto, não lustraram a estrela do país, justamente eles que, no ano passado, já apareciam entre os mais animados com as perspectivas para o 2011 que se iniciava.
É evidente que a ausência de Dilma não tira a atratividade do Brasil para os homens de negócio que formam a audiência principal dos encontros de Davos. Mas a sua presença -que chegou a ser confirmada à Folha pelo porta-voz Rodrigo Baena Soares, meses atrás- adicionaria lustro à estrela. Seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve duas vezes em Davos, em seus oito anos de governo, e foi um tremendo sucesso de público e de crítica, em grande parte por ter tocado a música que o empresariado mais gosta de ouvir, que é a adoção de políticas pró-mercado.
E Lula compareceu ainda no início de seu primeiro período, quando não tinha mais do que palavras a oferecer. Dilma, ao contrário, tem números, os sedutores dados do crescimento nos anos em que ela esteve no coração do governo Lula e que, como é óbvio, alavancam o entusiasmo que os executivos demonstram pelo Brasil.
Não é apenas Dilma que estará ausente. O governo brasileiro preferiu esconder-se: das três sessões em que o país será o tema central, duas foram programadas à margem do encontro propriamente dito e fora do local da ferveção, que é o Centro de Congressos de Davos. Haverá uma sessão para investidores interessados no petróleo e no gás do Brasil, na sexta-feira, e uma sessão chamada "Brasil em Davos", no sábado, ambas no Hotel Belvédère, o mais elegante de Davos, o que certamente oferecerá mais conforto aos ministros e autoridades brasileiras, mas menos visibilidade.
Só o "Panorama do Brasil" se realizará no Centro de Congressos, assim mesmo em dia e hora (sábado, 17h locais, 14h em Brasília) em que o encontro anual já está semiesvaziado (os grandes momentos vão de quarta a sexta).
Além disso, é muito escassa a presença de empresários brasileiros e mais escassa ainda a de acadêmicos. O fato é que a voz do Brasil sobre assuntos globais não soa adequadamente em um palco que é, anualmente, a maior concentração de personalidades que o mundo consegue colocar em um mesmo complexo.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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