Mantega fará "road show" para atrair investidores estrangeiros
Martha Beck, Gabriela Valente e Cristiane Jungblut
BRASÍLIA - O arsenal da equipe econômica para turbinar o Produto Interno Bruto (PIB) de 2013 combina uma política fiscal mais flexível com ampliação das desonerações tributárias, da oferta de crédito e do estímulo ao investimento no país. É com essas armas que os técnicos do governo esperam obter um crescimento de, pelo menos, 3% este ano. O número está longe de ser o que a presidente Dilma Rousseff gostaria de mostrar na véspera de um ano eleitoral em que tentará a reeleição, mas representa um resultado bem melhor que o registrado em 2012, ano em que o PIB cresceu 1% na melhor das hipóteses.
Os técnicos também estão se armando para tentar aprovar logo no Congresso medidas que ajudem a reduzir o custo Brasil, como a reforma tributária e o novo marco regulatório do setor de portos. Embora essas ações não tenham impacto imediato sobre a atividade, elas dão mais confiança aos empresários. Nessa linha, o governo já montou uma força-tarefa para atrair o mercado internacional.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, começa na terça-feira um road show que inclui Nova York, Londres e Tóquio, onde explicará detalhadamente os riscos e oportunidades dos investimentos em energia (geração e transmissão de energia elétrica e petróleo ou gás) e transportes (ferrovias, rodovias, portos e aeroportos), que podem superar a marca de R$ 300 bilhões nos próximos anos.
Economistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que a economia tem condições de crescer 3%, uma vez que reduções de impostos e mais crédito tendem a manter o mercado interno aquecido. Entre as medidas que serão adotadas está a diminuição do PIS/Cofins para a cesta básica e a inclusão de mais setores na desoneração da folha de pagamento das empresas. Por meio de uma flexibilização da meta fiscal, o governo quer mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de forma que o espaço para novas desonerações possar chegar a R$ 65 bilhões. Mas analistas chamam a atenção para a alta dos índices de inflação.
- Isso assusta mais os brasileiros do que um crescimento baixo - diz Alcides Leite, economista e professor da Trevisan Escola de Negócios.
Ele lembrou que não são só os trabalhadores que se preocupam com o aumento dos preços. O comportamento da inflação prejudica as expectativas dos investidores e inibe a realização de projetos. Para o ex-diretor do Banco Central e economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, a inflação deixa uma herança negativa para anos seguintes:
- Quando a expectativa do mercado é de alta de preços, as taxas de juros cobradas nos investimentos em infraestrutura, por exemplo, começam a subir. Isso desanima o empresário e compromete o crescimento em anos seguintes - disse Freitas. - Pior que um PIB de 3% é uma inflação em 6%.
A meta do governo para o IPCA é de 4,5% com dois pontos percentuais de tolerância para baixo ou para cima. Nos dois últimos anos, o indicador ficou acima do centro: fechou 2011 em 6,5% e 2012 em R$ 5,84%.
O ex-secretário do Tesouro Nacional Carlos Kawall disse que o governo também precisa apagar a imagem de que o Estado brasileiro é intervencionista. Ele lembra que o governo está tentando desfazer essa impressão ao fazer rodadas internacionais de apresentação do Brasil como um possível destino para os investimentos produtivos.
Fonte: O Globo
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