SÃO PAULO - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira (3) que a presidente Dilma Rousseff mentiu ao afirmar que não havia negociação para evitar um pedido de impeachment contra a petista.
Em entrevista coletiva, Cunha disse que "a presidente da República mentiu em rede de televisão" e que "isso é muito grave".
"A barganha foi proposta pelo governo e eu me recusei", disse Cunha.
Após o peemedebista acolher pedido de impeachment contra Dilma, a presidente afirmou, em pronunciamento, que "nos últimos temos, em especial, nos últimos dias, a imprensa noticiou que havia interesse na barganha dos votos de membros da base governista no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em troca, haveria o arquivamento dos pedidos de impeachment", disse Dilma.
"Eu jamais aceitaria qualquer tipo de barganha, muito menos aquelas que atentam contra o livre funcionamento das instituições democráticas do meu país", completou a presidente.
De acordo o deputado, a proposta foi feita pelo deputado André Moura (PSC-SE) e pelo ministro Jaques Wagner (Casa Civil) e envolveria ainda a aprovação da CPMF na Câmara. "A negociação foi à minha revelia", disse Cunha.
Em troca do arquivamento do pedido de impeachment e da aprovação da CPMF, o PT garantiria os votos de seus três deputados no Conselho de Ética da Câmara em favor de Eduardo Cunha.
O Conselho analisa se dará ou não prosseguimento à representação que pede a cassação do mandato do peemedebista.
Pressão
Após uma longa negociação de bastidores, porém, a bancada do PT na Câmara dos Deputados cedeu à pressão de sua militância e do presidente da legenda, Rui Falcão, e decidiu que irá votar pela continuidade do processo de cassação do presidente da Câmara dos Deputados.
Os votos dos três integrantes do PT no Conselho de Ética (que reúne um colegiado de 21 deputados federais) são considerados cruciais para definir se o processo contra Cunha segue ou será arquivado.
Cunha acolheu o pedido de impeachment após os petistas definirem que iriam votar contra ele.
Nesta quarta, após a decisão do presidente da Câmara, o ministro Jaques Wagner disse à Folha que "a batalha agora será no campo aberto" e não mais "no mundo da chantagem".
Segundo ele, a decisão de Cunha faz cair a "máscara" do peemedebista, que, em sua opinião, tentava transmitir um tom institucional a seu ato que nunca existiu.
"Não acreditamos que um pedido de impeachment aceito por ele tenha credibilidade. Vamos entrar com ações no Supremo Tribunal Federal para derrubá-la", afirmou o ministro.
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