sábado, 9 de março de 2024

Dora Kramer - Não é só a economia

Folha de S. Paulo

Estilo sem filtro e prioridade ao mundo contam muito na queda de Lula nas pesquisas

Enquanto caem as avaliações positivas do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) em praticamente todos os itens e segmentos, como registrado nesta semana em duas pesquisas (Quaest e Atlas), a economia exibe bons índices no macro: inflação, PIB, desemprego. No cotidiano, a carestia segue no comando.

Isso explica em parte, mas não destrincha com exatidão o mapa do campo minado para um presidente que saiu consagrado do segundo mandato e completa um ano do terceiro em queda no gosto do brasileiro. Mostra, primeiro, que a economia não é tudo. Na realidade, nunca foi, dependeu sempre da política, pois sem que um governo disponha de condições políticas favoráveis não há condução econômica que se sustente. Ao menos é assim nas democracias.

Lula parece viver a ilusão de que conseguiria transpor o capital de popularidade de anos atrás para os dias de hoje, junto com os programas sociais exitosos da época que importou para o atual governo. O tempo passa e é implacável por ser refém das circunstâncias.

A divisão sedimentada das torcidas é um dado. E justamente por ser claríssimo caberia ao governo trabalhar com ele a fim de dissolver um pouco as bolhas. O presidente faz o contrário: alimenta a polarização e a tempera com ressentimento.

Lula acha que pode dizer e fazer o que lhe der na cabeça sem prejuízos. O cenário adverso mostra que não é bem assim. Há o estilo falastrão sem filtro, há o menosprezo sectário a visões de mundo diferentes.

Acrescente-se ao mau humor a escolha de se mostrar relevante ao mundo dando a impressão aos nacionais de sermos irrelevantes aos olhos do presidente.

Portanto, há mais nuances a se considerar na percepção do público sobre a conduta de um governante que a repetição um tanto míope de frase antiga de marqueteiro americano. Estúpidos, obtusos mesmo, talvez sejam os que só enxergam as pessoas pela exclusiva e insuficiente lente da economia.

 

6 comentários:

Anônimo disse...

■■■O Brasil da polarização na verdade partiu-se em quatro pedaços::
¹● PEDAÇO-PT
²● PEDAÇO-BOLSONARO
³● PEDAÇO-I (de insossos)
⁴● PEDAÇO D (de democratas)

Anônimo disse...

²● O PEDAÇO-BOLSONARO
=》Este pedaço, assim como o pedaço exclusivo do lulismo, é 100% ideológico e afetivo e contra qualquer outra força ou nome que mantenha independência crítica, mesmo que seja aliada a Bolsonaro. Assim como o pedaço petista, este pedaço não se importa que Bolsonaro seja associado a ditaduras e populistas.

O Governo Bolsonaro não pode ser adequadamente avaliado, por ter sido em um período excepcional, quando o mundo viveu uma pandemia de vírus e tudo passou a acontecer em função dessa emergência. Mas é um período em que o ator político Bolsonaro pode ser avaliado suficientemente e se mostrou um ser humano frio em relação aos dramas e necessidades que o povo, principalmente os mais pobres, pode ter do Estado. Quando o governo Bolsonaro providenciou algum socorro ao povo diante de drama tão grande foi por completa pressão da oposição e da sociedade.

Na economia, assim que a situação de pandemia foi acalmando, o governo Bolsonaro passou a repetir o PT e fazer expansão de gastos de forma irresponsável por o Brasil não ter espaço fiscal para gastar.

O Governo Bolsonaro piorou um pouco a situação já grave em que o PT deixou a economia, fazendo gastos extras entre março/2021 e junho/2022 que se aproximaram de R$300Bilhões sem ter dinheiro para esses gastos.

=》É completamente incrível a fidelidade deste PEDAÇO-BOLSONARO, de apoiadores de Bolsonaro e de seus aliados, que têm comportamento igual aos eleitores do PEDAÇO-PT.
■Estes eleitores, diante de fracassos tão escancarados e que estão destruindo o Brasil preferem desconversar e proteger os seus Mitos.

Anônimo disse...

■■■ Fora o PEDAÇO-PT e o PEDAÇO-BOLSONARO, há dois outros pedaços em que se parte o eleitorado brasileiro:: o PEDAÇO-INDEPENDENTE I (de insosso) e o PEDAÇO-INDEPENDENTE D (de democratas).

Anônimo disse...

³● O PEDAÇO-INDEPENDENTE I
=》Este pedaço é de eleitores insossos quanto a ideologismos e quanto a ideias ; eles não articulam força política nem projetam nomes de candidato.

É um pedaço eleitoral distribuído em todas as faixas econômicas e define voto exclusivamente em função de suas necessidades imediatas. Para este pedaço, a disposição do incubente em praticar demagogia para atender suas demandas é mais importante que qualquer razão racional na condução das políticas. Bolsonaro e Lula, atores mais voltados a se conservarem no poder que a fazerem reformas estruturais para as transformações necessárias caem como uma luva nos interesses deste grupo, que tendem a um ou ao outro populista a depender da expectativa de poder. A defesa dos valores democráticos não importa para parte deste grupo e por isso não se incomodam com os arreganhos de Lula e Bolsonaro para os ditadores.

Anônimo disse...

⁴● O PEDAÇO INDEPENDENTE D
=》Este é o único pedaço do eleitorado brasileiro verdadeiramente consciente do valor universal e absoluto da democracia e de suas essencialidades. É um pedaço que sabe que ceder a adjetivos para classificar a democracia significa ter que aceitar as mesmas adjetivação em relação à tirania.

■■Em toda a história brasileira somente em um período este segmento teve um representante no poder, que foi o período de oito anos em que o país foi governado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

É um segmento que hoje está disperso e é composto por nomes ligados a sabores ideológicos que vão da esquerda à direita, mas necessariamente comprometidos de forma radical com uma verdadeira democracia.

Entre os nomes deste grupo estão Roberto Freire, João Amoêdo, Eduardo Jorge, Marcus Pestana e Augusto de Franco.

Estes democratas dispersos precisam de união e da criação de um partido político comum se quiserem manter no Brasil a defesa da ideia de democracia, ideia que ora se encontra completamente ameaçada pelas duas forças populistas, com os blogues e outros aparelhos do PT chegando a classificar as ditaduras de Nicolás Maduro, do redivivo maoísmo de Xi Jiping (é estarrecedor) e do stalinismo de ultra-direita de Vladimir Putin (mais estarrecedor ainda) de vertentes da democracia.

Edson Luiz Pianca
Xuítter :: edson_pianca

ADEMAR AMANCIO disse...

Lula é Luxo puro perto de Bolsonaro,a perfeição não existe na terra.