Folha de S. Paulo
Candidatos hoje trocaram os marqueteiros por
advogados criminalistas
Nunca tantos deputados federais, mais de uma centena, tornaram-se alvo de ações e processos criminais. Eles respondem de corrupção e peculato a violência contra a mulher. O levantamento foi realizado pelo site Congresso em Foco e mostra que a lista de investigados e réus ocupa um amplo mapa ideológico, perfazendo 16 partidos. O campeão de irregularidades é o PL, do ex-presidente Bolsonaro.
Para consolidar seu enorme poder, com faturamento estimado em US$ 1 bilhão por ano, a facção criminosa PCC conseguiu se infiltrar em atividades legais, como fazem as milícias e máfias. Um dos caminhos foi fraudar licitações usando o esquema de entrega de propina em pacotes de dinheiro a vereadores e agentes públicos de prefeituras e câmaras municipais no estado de São Paulo.
No Rio, o Tribunal Eleitoral decidiu transferir o endereço de 93 seções localizadas em áreas controladas por grupos criminosos, além de solicitar a presença de tropas federais no pleito municipal de outubro. O objetivo é garantir a segurança e que os eleitores possam exercer o direito de voto sem qualquer pressão.
Investigada por integrar o Bonde do Zinho e denunciada pelo MP-RJ, a deputada Lucinha mesmo assim não perdeu o mandato. Em todo o país a Polícia Federal está monitorando candidatos a vereador e a prefeito que mantêm ligação com organizações criminosas. A notícia vazou, instalando pânico em algumas pré-campanhas.
Os cenários e informações acima explicam por que os candidatos hoje dão mais importância à contratação de advogados criminalistas, deixando os marqueteiros em segundo plano. E por que, no rol de propostas que furam a fila de reais interesses da população e atendem à agenda de Arthur Lira, o PL que proíbe a assinatura de acordos de delação premiada com presos —jogada que beneficia os próprios parlamentares e o crime organizado— tenha uma urgência de salvar a pátria.
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