O Estado de S. Paulo
Haddad não consegue cortar gastos, porque PT e Lula vetam, nem aumentar receita, pois a realidade não deixa
Enquanto o setor privado mostra poder e
articulação contra o pacote do IOF e seus efeitos nefastos para indústria,
agro, comércio, bancos, seguradoras e exportadores, o ex-presidente do PT José
Dirceu lança nota para petistas defendendo uma “revolução social” e uma guerra
ao mercado, ao setor produtivo e ao Banco Central. O capital falou para o País.
Dirceu, para a bolha do PT. Quem tem bala e tropa? Quem é forte, como sempre, e
quem está cada vez mais fraco?
As duas notícias, no mesmo dia, comprovam o quanto Lula, governo e PT não estão entendendo nada, ou não querem admitir que o mar não está para peixe e a eleição de 2026, por ora, não está para eles e a esquerda, cada vez mais isolados, perdidos. Com sua história e liderança, Dirceu dá sinais de estar tão analógico quanto Lula, raciocinando e agindo como se o mundo tivesse congelado décadas atrás.
Lula esquerdiza seu terceiro mandato e
submete Fernando Haddad e a racionalidade econômica a seus interesses e a
gastos de viés eleitoral, quando o País e o Congresso vão na direção oposta. E
Dirceu chama sua tropa a entrar numa guerra contra tudo e todos, quando Lula e
PT precisam do oposto: manter a paz com Centrão, setores liberais e parte da
direita na sociedade, que foram essenciais contra o bolsonarismo em 2022. Sem
diagnóstico e estratégia, Lula e Dirceu não ganham nada, só perdem.
PSD, União Brasil e Republicanos mantêm seus
ministros, mas não estão nem aí para novos ministérios num governo fraco e não
só sinalizam como já admitem que não irão com Lula, a esquerda e muito menos
com o PT em 2026. Estão pulando do barco. Não para o bolsonarismo, mas para
navegar em mares e nomes próprios.
A labirintite de Lula e a ida ao hospital
nesta segunda-feira reforçam esse movimento e, do outro lado, Jair Bolsonaro
acaba de passar por uma nova e longa cirurgia, ainda pela facada de 2018, é
inelegível e está para ser condenado pelo STF. Lula e Bolsonaro, cara a cara,
em 2026? Petistas e bolsonaristas roxos juram acreditar nisso, mas só eles.
No seu manifesto, CNI, CNA, CNC, CNF, CNseg,
OCB e Abrasca acusam a mudança no IOF de causar aumento de custos e
imprevisibilidade em toda a economia. Na nota ao PT, Dirceu prega “verdadeiras
mudanças” contra concentração de renda, cartel financeiro, juros e metas de
inflação. “Ao PT e às esquerdas, resta a tarefa histórica de concluir a
revolução social brasileira inacabada”, conclama.
No meio disso, Haddad nem consegue cortar
gastos, porque Lula e PT vetam, nem aumentar arrecadação, porque quem garante
desenvolvimento e emprego não permite. Haddad tem rumo? E até quando ele
resiste? Ou até que ponto? •
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